Aquilo que Habito: Ise Feijó Expõe a Força e Sensibilidade Feminina em São Leopoldo
Até o dia 12 de novembro, os amantes da arte em São Leopoldo e região têm a oportunidade de mergulhar em uma experiência artística profunda e contemplativa. A Galeria Municipal de Arte Liana Brandão, localizada no Centro Cultural José Pedro Boéssio, na histórica Praça da Biblioteca, é o palco da exposição “Aquilo que Habito – Eu, Eu mesma e Marise”, da renomada artista Ise Feijó. Esta mostra promete uma jornada visual e emocional, explorando as multifacetadas dimensões da identidade e da experiência feminina.

Uma Imersão no Universo Feminino
A exposição “Aquilo que Habito” é composta por 30 obras que se debruçam sobre a figura da mulher sob uma miríade de olhares e emoções. Cada tela, cada traço, é um convite à reflexão sobre a sensibilidade e a inegável força feminina. Ise Feijó utiliza diferentes técnicas, como a delicadeza da aquarela, a intensidade do nanquim e a profundidade do óleo sobre tela, para dar vida a essas representações. O resultado é um mosaico de narrativas visuais que celebram a complexidade e a beleza da experiência de ser mulher.
As séries de autorretratos apresentadas na mostra são particularmente instigantes. Nelas, a artista se posiciona como o “outro”, uma figura que se desdobra para refletir nossos próprios anseios, desejos ocultos e a eterna busca por reconhecimento. Essa abordagem introspectiva e multifacetada permite que o público se conecte com as obras em um nível pessoal, encontrando ecos de suas próprias vivências e identidades nas representações de Ise Feijó. É uma dança entre o eu e o universal, onde a individualidade da artista se torna um espelho para a coletividade.
Ise Feijó: A Artista e Sua Visão Realista
Nascida na vibrante capital gaúcha, Porto Alegre, Ise Feijó é uma artista com uma sólida formação acadêmica, tendo se graduado no Instituto de Artes da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Sua trajetória artística é marcada por um olhar meticuloso e uma habilidade ímpar em capturar a essência de seus temas. Em “Aquilo que Habito”, Ise emprega uma técnica que flerta com o realismo, mas vai além da mera representação fiel da realidade. Ela infunde suas obras com uma carga emocional que transcende o visível, revelando a alma por trás da forma.
A escolha do realismo como linguagem artística não é acidental. Em um mundo cada vez mais digital e abstrato, o realismo de Ise Feijó emerge como uma ponte para a conexão humana. Suas pinceladas precisas e cores cuidadosamente escolhidas não apenas retratam, mas evocam a profundidade dos sentimentos. A artista se dedica a um estudo intimista do feminino, explorando as nuances da alma feminina com respeito e profundidade, transformando cada obra em um testemunho visual de suas investigações sobre o tema.
A Aquarela, o Nanquim e o Óleo: Técnicas a Serviço da Expressão
A diversidade técnica empregada por Ise Feijó em “Aquilo que Habito” demonstra sua maestria e versatilidade. Cada meio é escolhido cuidadosamente para amplificar a mensagem e a emoção de cada peça:
- Aquarela: Conhecida por sua leveza, transparência e fluidez, a aquarela permite a Ise criar camadas de cores sutis e atmosféricas, que muitas vezes remetem à delicadeza e à efemeridade de certas emoções femininas. É uma técnica que exige precisão e rapidez, refletindo a espontaneidade e a introspecção.
- Nanquim: Com seu contraste marcante e linhas definidas, o nanquim confere uma intensidade dramática às obras. Ele é utilizado para traços firmes e sombras profundas, que podem simbolizar a força interior, os desafios superados e a resiliência presente no universo feminino.
- Óleo sobre Tela: O óleo, por sua vez, oferece uma riqueza de textura e uma profundidade de cor inigualáveis. Permite à artista construir camadas e explorar detalhes com paciência, resultando em obras que possuem uma presença monumental e um realismo ainda mais acentuado. É a técnica que possibilita a maior complexidade e o desenvolvimento de representações de grande impacto visual e emocional.
A combinação dessas técnicas confere à exposição uma riqueza visual e um dinamismo que mantêm o espectador engajado, convidando-o a observar cada obra com atenção e a desvendar as histórias e sentimentos que elas carregam.
“Eu, Eu mesma e Marise”: Um Diálogo com o “Outro”
O título da exposição, “Aquilo que Habito – Eu, Eu mesma e Marise”, já sugere uma exploração profunda da identidade. O “Eu” e a “Eu mesma” podem ser interpretados como as diversas facetas da própria artista ou as múltiplas identidades que uma mulher assume ao longo da vida. A inclusão de “Marise” adiciona uma camada de mistério e universalidade. Marise pode ser uma persona, uma amiga, uma musa, ou até mesmo a representação do “outro” que nos completa, nos desafia ou nos faz refletir. Esse “outro” é crucial na formação de nossa autoimagem e na compreensão de nossos próprios desejos e anseios.
A capacidade de Ise Feijó de se colocar no lugar do “outro” em seus autorretratos é uma técnica artística poderosa. Ao invés de simplesmente se auto-representar, ela se transforma em um veículo para explorar questões universais da condição humana e feminina. É um exercício de empatia e autoconhecimento, que convida o público a fazer o mesmo – a olhar para si através do espelho da arte e a reconhecer suas próprias complexidades e desejos.
A Galeria Liana Brandão e o Acesso à Cultura em São Leopoldo
A escolha da Galeria Municipal de Arte Liana Brandão para sediar esta exposição ressalta o compromisso de São Leopoldo com a promoção da cultura e das artes visuais. Este espaço cultural é um ativo importante para a cidade, oferecendo regularmente exposições que enriquecem o panorama artístico local e proporcionam acesso à arte para toda a comunidade.
Vinculado à Secretaria Municipal de Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo (Secult), o Centro Cultural José Pedro Boéssio e sua galeria desempenham um papel fundamental na democratização do acesso à arte. A localização privilegiada na Praça da Biblioteca facilita a visitação e integra a exposição ao cotidiano da cidade, convidando tanto moradores quanto visitantes a desfrutar de momentos de contemplação e aprendizado.
Ainda mais importante é a política de entrada gratuita. Esta medida garante que a arte de Ise Feijó e as reflexões que ela inspira estejam acessíveis a todos, independentemente de sua condição social ou econômica. Em um cenário onde a cultura muitas vezes se torna um privilégio, iniciativas como esta são cruciais para fomentar o engajamento cultural e para que mais pessoas possam experimentar a potência transformadora da arte.
A galeria funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, um horário conveniente que permite que estudantes, trabalhadores e o público em geral possam planejar sua visita. Esta acessibilidade é essencial para que o impacto da exposição seja o mais amplo possível, tocando a vida de diversas pessoas e estimulando o diálogo sobre a identidade e o papel da mulher na sociedade contemporânea.
Um Convite à Reflexão e à Apreciação Artística
A exposição “Aquilo que Habito – Eu, Eu mesma e Marise” de Ise Feijó é mais do que uma simples mostra de quadros; é uma experiência imersiva que convida à introspecção e ao diálogo. As obras da artista são um lembrete da complexidade e da beleza da condição feminina, apresentadas com maestria técnica e sensibilidade profunda. É uma oportunidade imperdível para se conectar com a arte contemporânea brasileira e para refletir sobre temas universais de identidade, emoção e reconhecimento.
São Leopoldo se orgulha de receber uma exposição de tamanha relevância, reforçando seu papel como um polo cultural vibrante no Rio Grande do Sul. Não perca a chance de visitar a Galeria Municipal de Arte Liana Brandão até 12 de novembro e permitir que a arte de Ise Feijó habite em seus pensamentos e sentimentos. A entrada é gratuita, e a riqueza da experiência é inestimável.