O meteorologista Carlos Nobre, 74, enfatizou novamente os perigos do rápido degelo dos solos globais. Ele adverte que, se o aquecimento global exceder 2°C nos próximos anos, teremos consequências irreversíveis para o planeta. Essas consequências incluem o colapso de ecossistemas essenciais, como a Amazônia, além da liberação em grande escala de gases de efeito estufa.
Essa advertência contrasta com as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento a 1,5°C.
“A ciência mostra claramente que se não reduzirmos rapidamente [as emissões] e mantê-las em 1,5°C, alcançaremos 2050 passando de 2°C.”, disse Nobre. “Alguns estudos sugerem que pode até chegar a 2,5°C e podemos perder até 70% da Amazônia até 2100”, destacou Carlos Nobre, na entrevista ao programa “Roda Viva” na noite de segunda-feira.
A explicação do cientista deixa claro como o aumento da temperatura acelera o degelo do permafrost – solo que está permanentemente congelado em lugares como a Sibéria, o norte do Canadá e o Alasca. Esse processo já começou e está liberando metano, um gás que é 30 vezes mais eficiente em reter calor na atmosfera do que o dióxido de carbono.
“Os estudos indicam que, se a temperatura chegar a dois graus até 2100, liberaremos mais de 200 bilhões de toneladas de gases do solo congelado”, afirmou Nobre.
Entre as consequências adicionais, Nobre também enfatizou a extinção em massa das espécies e o colapso dos ecossistemas marinhos. “Isso também causará a extinção dos recifes de corais. Já existem espécies sendo extintas em todo o mundo”, salientou.
Segundo Nobre, o cenário ao final do século será dramático. “É totalmente possível, se não reduzirmos rapidamente as emissões, chegarmos a 3 ou 4°C em 2100. As regiões equatoriais ao nível do mar terão uma temperatura que o corpo humano não pode resistir, o ano inteiro. O planeta ficará inabitável para nós, seres humanos, em 2100.”
“O professor Carlos Nobre alerta: se passarmos de 1,5°C, perderemos 70% da Amazônia e descongelaremos o permafrost (liberando metano 30 vezes mais potente!). A COP-30 precisa acelerar as metas ou o planeta se tornará inabitável até 2100”, disse em uma postagem no Twitter.
Em breve devemos enfrentar uma crise climática que pode levar a uma nova extinção em massa, de acordo com uma recente pesquisa.
