Toucas Malucas: Criatividade e Acolhimento Transformam Rotina na Unidade Neonatal do HRMS
A popularização da tendência do “cabelo maluco”, que agita escolas e creches em todo o país com sua explosão de cores e formas fantasiosas, ganhou um novo e emocionante significado em um ambiente onde a esperança e a delicadeza caminham lado a lado: as unidades neonatais. No Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), essa divertida tradição foi habilmente adaptada para uma versão especial, focada no afeto e na resiliência: as toucas malucas. Longe de ser apenas uma brincadeira, essa iniciativa, idealizada e implementada pela dedicada equipe multiprofissional da Unidade Neonatal, proporcionou momentos cruciais de descontração, criatividade e um profundo acolhimento para as mães de bebês que enfrentam o desafiador período de internação hospitalar.
Para as famílias, especialmente as mães, vivenciar a internação de um recém-nascido em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é uma experiência que transita entre a apreensão, a esperança e a exaustão. A rotina hospitalar, permeada por preocupações, equipamentos médicos complexos e a constante vigilância sobre a saúde dos pequenos, pode ser emocionalmente avassaladora. Nesse contexto, a inserção de atividades que promovam o bem-estar e a leveza não é apenas um luxo, mas uma necessidade terapêutica vital. A ação das toucas malucas surge como um sopro de criatividade e um lembrete do potencial de alegria e vínculo, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
O Impacto Terapêutico e o Olhar para o Futuro
A terapeuta ocupacional da unidade, Grazielle Rodrigues, é uma das vozes por trás da iniciativa e explica a abrangência do trabalho terapêutico, que se estende muito além do cuidado direto com os pequenos pacientes. “Além do atendimento direto aos pequenos, realizamos grupos terapêuticos com as mães, com o objetivo de acolher, fortalecer e promover o bem-estar dessas mulheres que vivem um momento tão delicado. Esses encontros favorecem o **vínculo afetivo** entre mãe e bebê, a expressão emocional e o enfrentamento positivo das experiências da internação”, afirma Rodrigues, sublinhando a natureza holística do cuidado oferecido pelo HRMS.
A escolha das toucas não foi por acaso. Segundo Grazielle, a inspiração veio diretamente da tendência do “cabelo maluco”, mas a adaptação visou dar um sentido prático e emocional dentro do ambiente hospitalar. “A ação foi inspirada na tendência do cabelo maluco, e transformamos em algo que fizesse sentido dentro do setor. É uma forma de elas enxergarem o futuro — hoje confeccionam as toucas para os bebês, e amanhã vão estar arrumando o cabelo maluco deles para ir à escola”, completa a terapeuta. Essa projeção de futuro é um elemento extremamente poderoso para mães que vivem um presente incerto. A confecção de uma touca colorida e divertida para o bebê torna-se um ato de fé, um desejo materializado de que seus filhos, um dia, estarão saudáveis, em casa, desfrutando das alegrias simples da infância, como ir à escola com um cabelo (ou touca) especial.
Mais do que Distração: um Suporte Emocional Essencial
Em um ambiente de Unidade Neonatal, onde cada dia é uma batalha e cada pequena melhora é uma vitória, o apoio psicológico e emocional às mães é tão crucial quanto o tratamento médico dos bebês. A internação prolongada pode desencadear uma série de sentimentos complexos, como ansiedade, medo, solidão, e até um sentimento de impotência. As atividades terapêuticas como as “toucas malucas” funcionam como uma **válvula de escape**, permitindo que as mães canalizem suas emoções em algo produtivo e belo. Essa distração controlada não apenas alivia o estresse, mas também promove a **resiliência**, capacitando-as a enfrentar os desafios com uma perspectiva mais positiva.
O ato de criar algo com as próprias mãos, pensando em seus filhos, reforça o **vínculo materno** de uma forma muito tangível. Cada escolha de cor, cada detalhe adicionado à touca, é uma declaração de amor e esperança. É um momento em que a mãe pode se reconectar com a alegria da maternidade, que muitas vezes é ofuscada pela preocupação com a saúde do bebê. Além disso, a interação com outras mães durante a atividade cria uma rede de apoio informal, onde experiências são compartilhadas e a empatia floresce. Esse senso de comunidade é vital para que as mães se sintam menos isoladas e compreendidas em suas jornadas.
Depoimentos que Inspiram e Aliviam
A receptividade das mães à iniciativa foi, de forma unânime, positiva, evidenciando o impacto significativo dessas ações humanizadas. **Katyelim Nathalia de Jesus**, de 24 anos, mãe do pequeno Bernardo, que está internado há dois meses, expressou o alívio emocional que a atividade proporcionou. “É uma boa ideia, ajuda a gente a distrair um pouco, porque estamos em um ambiente tenso. Cheguei aqui com quase 26 semanas, e essas atividades ajudam a gente a descontrair. Nunca imaginei que pudesse ter esse tipo de atividade em um hospital”, disse Katyelim, refletindo a surpresa e a gratidão por um momento de leveza em meio à tensão da internação de um bebê nascido com prematuridade extrema.
Para **Jennifer Fernanda**, mãe da Ísis Valentina, a atividade se mostrou uma oportunidade valiosa para expressar seu afeto e individualidade. “Achei bem legal, principalmente porque ajuda a gente a distrair. Criei a touca dela pensando nela mesma, no que iria combinar com ela”, relatou Jennifer. Essa personalização na confecção da touca reforça o **vínculo afetivo** e permite que a mãe se sinta ativamente envolvida no cuidado e na identidade do bebê, mesmo quando grande parte do controle está nas mãos da equipe médica.
Outra participante, **Nicolly de Oliveira Pereira**, de 20 anos, mãe da pequena Maria Helena — nascida com 29 semanas —, descreveu a experiência como **transformadora**. “A atividade foi maravilhosa, faz com que a gente se distraia um pouco e tenha momentos mais felizes durante a internação. Minha inspiração foi a Maria Helena”, afirmou. A capacidade de gerar instantes de alegria genuína em uma situação tão desafiadora é um testemunho poderoso do impacto positivo de iniciativas como essa, que nutrem a esperança e a saúde mental das mães. A inspiração que vem dos próprios bebês é um motor poderoso, convertendo a confecção das toucas em um ato de amor, resiliência e foco no futuro.
A iniciativa estendeu seus benefícios a outros membros da família que acompanham de perto a jornada, como a avó de Maria Helena, **Joyce Carmo de Oliveira**, de 42 anos. “Não imaginava que tinha touca maluca. Foi uma novidade e tira um pouco o foco do que estamos vivendo”, comentou Joyce, destacando como ações lúdicas podem proporcionar um respiro para todos os envolvidos, aliviando a carga emocional que a internação de um neto acarreta.
Excelência e Cuidado Humanizado: O HRMS como Referência
O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) transcende a oferta de atividades criativas; ele se consolida como uma instituição de **referência em gestação de alto risco e neonatologia**. Essa distinção é fundamental, indicando que o hospital possui a expertise, a tecnologia de ponta e uma equipe clínica altamente especializada para lidar com os casos mais complexos, assegurando o mais alto nível de cuidado tanto para as mães quanto para os recém-nascidos. A atenção meticulosa aos aspectos humanos e emocionais, exemplificada pela ação das toucas malucas, é um complemento indispensável à excelência técnica, reafirmando a filosofia de **cuidado humanizado** que permeia todas as suas operações.
Desde 2003, o HRMS orgulha-se de ostentar o selo **IHAC (Iniciativa Hospital Amigo da Criança)**, um reconhecimento de âmbito global de extrema importância. Este selo, criado pela Unicef e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é concedido a hospitais que demonstram compromisso efetivo em **promover, proteger e apoiar o aleitamento materno**. Isso implica a adoção de uma série de práticas e políticas que garantem que todas as mães recebam o suporte necessário para amamentar seus filhos, reconhecendo o leite materno como o alimento mais completo e benéfico para o desenvolvimento infantil. Para bebês prematuros ou aqueles em condições delicadas, o aleitamento materno ou o uso de leite humano pasteurizado são ainda mais cruciais, oferecendo imunidade e nutrição perfeitamente adaptadas às suas necessidades específicas.
Adicionalmente, a unidade é reconhecida como o **Centro de Referência Estadual do Método Canguru em Mato Grosso do Sul**. O **Método Canguru** é uma abordagem de cuidado neonatal que preconiza o contato pele a pele precoce, contínuo e prolongado entre a mãe (ou o pai) e o bebê, especialmente para recém-nascidos prematuros ou de baixo peso. Este método é cientificamente comprovado por estabilizar a temperatura corporal do bebê, otimizar a respiração e os batimentos cardíacos, além de fortalecer significativamente o **vínculo afetivo** e o sucesso da amamentação, promovendo um desenvolvimento neurocomportamental mais saudável. Ao ser um centro de referência, o HRMS assegura que estas práticas baseadas em evidências sejam amplamente implementadas e difundidas, reafirmando seu compromisso com a saúde integral do recém-nascido e de sua família.
A sinergia entre a perícia médica de ponta, o reconhecimento por iniciativas globais de saúde e as ações de acolhimento humanizado, como as “toucas malucas”, consolida o papel do HRMS como um farol de excelência no cuidado materno-infantil. Estas iniciativas demonstram que, mesmo nos ambientes mais desafiadores, a criatividade, o afeto e uma visão de futuro podem transformar radicalmente a experiência de famílias, oferecendo não apenas tratamento médico de vanguarda, mas também um suporte emocional vital e a nutrição da esperança. A simplicidade de uma touca colorida, feita com as próprias mãos e imbuída de amor, pode ter um impacto imensurável na jornada de recuperação de um bebê e na resiliência inabalável de sua mãe, marcando a diferença em um momento tão delicado de suas vidas.
