A nova greve de servidores do estado mais uma vez põe em destaque a vulnerabilidade do governo Renato Casagrande (PSB): a contradição entre a retórica de diálogo e a política de austeridade prática. O governador continua a promover a sua gestão como fiscalmente equilibrada, entretanto, tal equilíbrio está gerando custos elevados tanto em termos de políticos quanto sociais.
Demandas das classes profissionais
Os funcionários públicos exigem aumento dos salários que não foram ajustados, reestruturação nas carreiras, e melhores condições de trabalho. Professores, policiais civis, profissionais da saúde, e funcionários administrativos têm participado alternadamente de protestos que, embora dispersos, apontam para uma insatisfação ampla com a política salarial do Estado.
A declaração oficial
Casagrande baseia-se em índices econômicos: superávit fiscal, pontuação máxima na avaliação de equilíbrio financeiro e a Lei de Responsabilidade Fiscal como entrave para aumentos além do previsto. O problema é que os números governamentais não estão em consonância com a realidade do servidor público cujo o salário perdeu poder de compra devido à inflação dos anos recentes.
Custo político
Na última fase de seu mandato, o governador tenta preservar sua imagem como gestor responsável, parece desconsiderar que o atrito com o funcionalismo pode se tornar um instrumento nas mãos dos oposicionistas. Greves nas escolas, longas filas de espera nos hospitais e delegacias vazias causam impacto direto na população e prejudicam a eficácia do discurso oficial.
Análise
A greve atual não se trata apenas de uma disputa por aumentos salariais: ela é reflexo de um modelo de administração que dá precedência aos números em relação às pessoas. Casagrande posiciona-se como o guardião da responsabilidade fiscal, mas corre o risco de ser lembrado como o governador que falhou no diálogo social.
Em um estado marcado por episódios traumáticos de crises na segurança pública e com servidores cada vez mais mobilizados, a persistência em limitar despesas a todo custo pode transformar equilíbrio fiscal em instabilidade política.