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Rússia e Ucrânia reiniciam conversações diretas em Istambul após interrupção desde 2022

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Encontro Histórico em Istambul: Rússia e Ucrânia Buscam Diálogo

As delegações da Rússia e da Ucrânia se encontraram nesta sexta-feira (16) em Istambul, marcando o primeiro encontro direto entre os dois países desde 2022. No entanto, a ausência do presidente russo, Vladimir Putin, e o clima de tensão diminuíram as expectativas de avanços significativos em direção à paz.

Presença de Marco Rubio em Reunião Paralela

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, chegou à cidade turca poucas horas antes do início oficial das negociações, realizando reuniões paralelas com representantes ucranianos ao longo da manhã. “Eu e outros funcionários americanos teremos encontros com ambas as partes”, declarou.

Local das Conversas e Cronograma

As negociações ocorrem no Palácio de Dolmabahçe, localizado às margens do Estreito de Bósforo. Este local já foi palco de outras rodadas de diálogo entre países envolvidos no conflito. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Turquia, a jornada diplomática começou com uma reunião trilateral entre Estados Unidos, Ucrânia e Turquia às 04h45 (horário de Brasília), seguida de um encontro entre Rússia, Ucrânia e Turquia às 06h30.

Expectativas e Declarações

A delegação russa é liderada por Vladimir Medinsky, conselheiro próximo do Kremlin, que já questionou publicamente o direito da Ucrânia de existir como nação. Do lado ucraniano, a comitiva é liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, acompanhado por cerca de uma dezena de altos funcionários. Apesar do retorno das conversas, as expectativas são modestas. “Quero ser franco… não temos grandes expectativas sobre o que acontecerá amanhã”, admitiu Marco Rubio antes do encontro.

O ex-presidente Donald Trump também expressou ceticismo, afirmando que não espera progresso sem uma reunião presencial com Vladimir Putin: “Nada vai acontecer, gostem ou não, até que eu e ele nos sentemos frente a frente”, declarou a jornalistas a bordo do Air Force One.

Reações de Zelensky e Moscou

De Ancara, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky declarou que não espera desfechos relevantes e acusou Moscou de não levar as conversas a sério. “A Rússia não está tratando as negociações de forma séria”, afirmou após reunião com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Zelensky destacou que enviou uma delegação de alto escalão “por respeito” a Erdogan e a Trump.

O clima hostil entre as partes ficou evidente. Zelensky chamou a delegação russa de “fictícia”, enquanto a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, reagiu com insultos, chamando o presidente ucraniano de “palhaço” e “perdedor”.

Apesar disso, Medinsky disse à imprensa russa que Moscou está disposta a buscar pontos de convergência. “Nossa delegação está comprometida com uma abordagem construtiva. Queremos encontrar possíveis soluções e pontos de contato. O objetivo das negociações é, eventualmente, estabelecer uma paz duradoura, eliminando as causas profundas do conflito”, declarou.

Mediação e Contexto Internacional

A Turquia, que atua como mediadora desde o início da guerra, confirmou que as conversas acontecem “em múltiplos formatos”. Enquanto isso, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer afirmou que Putin “deve pagar o preço por evitar a paz”, antes de participar da Cúpula da Comunidade Política Europeia (EPC) em Tirana, na Albânia.

Criada em 2022 por iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron, a EPC reúne países da União Europeia e outras 20 nações. Participam do encontro também o chanceler alemão Friedrich Merz, o novo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Propostas e Impasses

Antes das negociações, Kiev e aliados europeus propuseram um cessar-fogo de 30 dias, mas Moscou rejeitou a proposta. Entre as exigências russas para um possível acordo de paz estão concessões territoriais por parte da Ucrânia, inclusive em áreas que a Rússia ainda não controla, além de garantias de neutralidade militar e limitação do tamanho do exército ucraniano.

Zelensky e seus aliados consideram essas exigências inaceitáveis, embora o presidente ucraniano reconheça que a recuperação de certos territórios pode acontecer apenas por vias diplomáticas.

Mesmo diante das tensões e do ceticismo generalizado, as delegações continuam em Istambul ao longo do dia em busca de algum ponto de entendimento. Fontes diplomáticas afirmam que Trump mantém a possibilidade de viajar à Turquia caso surja algum avanço significativo no processo.

Esse esforço de diálogo acontece num cenário em que o conflito segue estagnado, tanto no campo de batalha quanto na esfera diplomática, após milhares de mortes e milhões de deslocados desde o início da guerra.

*Com informações de agências internacionais

Fonte: https://gazetabrasil.com.br/mundo/2025/05/16/russia-e-ucrania-retomam-dialogo-direto-em-istambul-pela-primeira-vez-desde-2022/

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