Política em Campo Bom – Coluna de Notícias Atualizadas

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Imagem: Divulgação (essa imagem pode ter direitos autorais)

Transparência em Xeque: Campo Bom Questiona Aumento do IPTU e Comunicação da Prefeitura

O Silêncio Estratégico e o Reaparecimento do Prefeito de Campo Bom

Após um período de notável discrição, o prefeito de Campo Bom emergiu, mas de uma forma que gerou mais questionamentos do que respostas. Em vez de se dirigir diretamente à população local, que aguardava explicações sobre temas prementes, o líder municipal optou por uma aparição em um veículo de comunicação externo. Essa escolha, para muitos, sinalizou uma relutância em confrontar os eleitores de sua própria cidade, que se mostram cada vez mais engajados e críticos.

A comunicação veiculada foi caracterizada por um tom que buscou desqualificar o clamor público. As preocupações dos moradores, que se manifestavam em diversas frentes, foram categorizadas como “clamor exagerado”, “oportunismo” e “barulho”. Essa retórica, que tenta diminuir a voz da população, ignora que o que se ouve nas ruas de Campo Bom é o som de cidadãos cansados de promessas não cumpridas e da falta de clareza. Acusações de “fake news” e “desrespeito” foram proferidas em um contexto onde a única “notícia falsa” que realmente incomoda é a percepção de que a verdade está sendo distorcida ou omitida. O verdadeiro desrespeito, como muitos argumentam, reside na ausência de prestação de contas transparente para aqueles que, com seu trabalho e impostos, sustentam a máquina pública. O que a cidade esperava era um diálogo franco e aberto; o que recebeu, segundo a percepção popular, foi uma performance cuidadosamente gravada, longe do olhar direto de seus contribuintes.

A Loteria do IPTU: Contas Confusas e a Desconfiança Popular

Um dos pontos mais sensíveis e geradores de discórdia em Campo Bom é a questão do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A população, de forma legítima, demandou acesso ao estudo que subsidiaria quaisquer reajustes. Afinal, em uma gestão verdadeiramente transparente, quem paga tem o direito inalienável de compreender a base de cálculo de suas obrigações fiscais. No entanto, em Campo Bom, a transparência parece ser um recurso intermitente, oferecido de forma seletiva.

A confusão em torno dos percentuais de aumento é emblemática dessa falta de clareza. A prefeitura divulgou um percentual de 12%. Contudo, para a surpresa e indignação de muitos, um vereador da base governista subiu à tribuna e anunciou uma cifra bem diferente: 33%. A disparidade de números é alarmante. Como esperar que a população confie nas informações oficiais quando nem mesmo os representantes do governo parecem ter um consenso sobre os dados mais básicos? Essa inconsistência mina a credibilidade da administração municipal e alimenta a suspeita de que os números podem estar sendo manipulados ou, no mínimo, apresentados de forma tendenciosa. Chamar o questionamento público de “politicagem” é uma tática que busca desviar o foco da verdadeira questão: a necessidade urgente de uma explicação clara e unificada sobre os aumentos do IPTU. A matemática, neste cenário, parece se dobrar aos interesses políticos, e a “malandragem” (esperteza dissimulada) surge como uma sombra que paira sobre a gestão fiscal da cidade.

Administração Pública: Longe dos Palanques e Mais Próxima da Realidade

A verdadeira administração pública não se faz com vídeos de alta produção ou discursos repletos de palavras difíceis, desconectados da realidade. Governar, em sua essência, é um exercício contínuo de responsabilidade fiscal, de organização orçamentária e, acima de tudo, de respeito para com aqueles que depositaram sua confiança nas urnas. Enquanto muitos lares em Campo Bom se veem obrigados a apertar o cinto e gerenciar cada centavo com rigor, a prefeitura, aos olhos de parte da população, parece seguir uma filosofia distinta.

A percepção é que, diante de desafios financeiros, a estratégia tem sido estourar orçamentos, empurrar problemas para frente e inventar novas narrativas. E quando a pressão popular se intensifica, a culpa recai sobre os próprios cidadãos, acusados de reclamar “alto demais”. Esta abordagem é profundamente preocupante. Quem se manifesta, quem “grita”, não o faz por mero oportunismo, mas sim por estar exausto. Exausto de promessas que não se concretizam, de um “teatro” político que substitui a ação concreta e de ser tratado como mera plateia em vez de verdadeiro dono da cidade. A política, em sua forma mais nobre, é construída sobre o pilar do respeito e da escuta ativa. A “politicagem”, por outro lado, se nutre de imagens cuidadosamente construídas e poses ensaiadas. E, no momento atual, a “pose” da gestão de Campo Bom parece estar em um patamar de elevação que rivaliza com o próprio aumento do IPTU, gerando uma desconexão preocupante entre governantes e governados.

A “Criatividade Oficial”: Quando a Inspiração se Transforma em Imitação

Em um episódio que ilustra a percepção de uma falta de originalidade na comunicação da prefeitura, a equipe do jornal local, criadora de um selo/slogan inovador, observou com “satisfação” a tentativa de “homenagem” por parte da administração municipal. O selo em questão, “Mentira é mentira”, foi o resultado de um processo criativo complexo, envolvendo jornalistas, publicitários e designers – profissionais dedicados ao estudo, leitura e à concepção de ideias genuínas. A surpresa veio quando a Prefeitura de Campo Bom pareceu adotar uma versão similar da criação, levantando a questão: a falta de ideias próprias leva à imitação?

Essa suposta cópia, que para muitos reflete uma insegurança criativa, é vista como um sintoma de uma administração que se vale de recursos alheios quando a originalidade escasseia. O detalhe crucial, no entanto, é que copiar um selo não equivale a copiar a essência que ele representa. O slogan “Mentira é mentira” se torna irônico quando aplicado a uma gestão que, segundo a crítica popular, carece justamente de transparência. A pergunta que ecoa é: para quem, exatamente, esse selo se aplicaria na prática dessa gestão? Para muitos, a única coisa verdadeiramente transparente na atual administração é a própria ausência de clareza. Embora a “tentativa” possa ser reconhecida, a distinção é clara: criatividade genuína nasce do intelecto e do esforço; a imitação, por outro lado, revela a dificuldade em conceber algo autêntico. A cidade de Campo Bom merece uma comunicação que reflita a sua própria identidade, e não meras cópias.

O IPTU sob Nova Ótica: “Valorização Mágica” ou Aumento Disfarçado?

A narrativa oficial da prefeitura, veiculada com o “novo selo” de comunicação, insiste que não haverá aumento do IPTU. Em vez disso, o que os contribuintes experimentarão seria uma “valorização” de seus imóveis. A argumentação é que, ao “valorizar” o bem, o imposto cobrado é apenas uma consequência natural dessa elevação. A mensagem subjacente é: “Não se assuste, contribuinte, você só vai pagar mais, mas não é aumento, é uma benéfica valorização!”. Essa é uma narrativa atraente em sua superfície, pois sugere que o cidadão está, na verdade, enriquecendo.

Contudo, para aqueles que não são ingênuos ou “caíram do berço ontem”, a distinção é crucial. A “valorização” a que a prefeitura se refere é o valor venal, uma estimativa atribuída ao imóvel para fins de cálculo de impostos. Este valor, muitas vezes, diverge significativamente do valor de mercado, que é o preço real pelo qual um imóvel poderia ser vendido. Em outras palavras, a “valorização mágica” da prefeitura serve primariamente para justificar uma cobrança fiscal maior, sem que isso se traduza em um aumento palpável no patrimônio do proprietário na hora de uma eventual venda. O imóvel pode “valer mais” para a prefeitura cobrar, mas no mercado real, seu valor permanece inalterado. É uma mágica seletiva que beneficia o erário público, mas não o bolso do cidadão. Portanto, a mensagem é clara e deve ser repetida em alto e bom som: Mentira é mentira. Não importa se vem acompanhada de selos, vídeos bem produzidos, discursos eloquentes ou até mesmo emojis. Os números não mentem, mas a forma como são apresentados e interpretados pode, sim, ser usada para ludibriar. Se pagar mais não é aumento, então conceitos básicos de economia e finanças estão sendo redefinidos em Campo Bom, em uma realidade paralela que poucos conseguem compreender.

Democracia e Votos: A Decisão sobre o IPTU no Legislativo Local

A discussão em torno da “equiparação” do valor venal – termo eufemístico para o aumento da base de cálculo do imposto – culminou em uma votação crucial na Câmara de Vereadores de Campo Bom. Esse momento revelou as posições de cada representante eleito, delineando quem, de fato, se alinhou aos anseios da população e quem optou por respaldar as propostas do Executivo. A democracia se manifesta nesses instantes, onde o voto de cada vereador tem um peso direto na vida dos cidadãos.

Neste cenário, alguns vereadores demonstraram alinhamento com a base eleitoral, votando contra o aumento do IPTU e defendendo o contribuinte. Foram eles: Inácio Marasca (Republicanos), Jair Wingert (Republicanos), Celsinho (Republicanos) e Bellé (PL). Suas posições indicam uma escuta atenta às demandas populares e uma resistência às pressões do Executivo, mantendo-se fiéis ao compromisso de representação.

Por outro lado, a maioria que garantiu a aprovação da medida foi composta por: Prof. Jeferson (PDT), Michele Closs (PDT), Paulo Silveira (MDB), Alexandre Hoffmeister (PP), João Paulo (MDB) e Cleber Nunes (MDB). Estes vereadores votaram a favor da proposta, alinhando-se à administração municipal e contribuindo para a “equiparação” que resultará em maiores valores de IPTU. A presidente da casa, Kayanne Braga (PDT), não precisou proferir seu voto, pois a medida já havia sido aprovada pela maioria, o que lhe permitiu “surfar tranquila” no resultado. É crucial observar que a atuação de um vereador, ao apoiar ou se opor a medidas que afetam diretamente o bolso do cidadão, revela sua prioridade: defender o eleitor ou o governo?

Um dos defensores mais fervorosos da linha governista chegou a ser apelidado de “Salgadinho” pelo público, uma alcunha que sugere uma proximidade excessiva e talvez um discurso “oleoso” – fácil de engolir, mas que pode deixar um sabor residual de gordura e artificialidade. Quando o discurso é percebido como excessivamente temperado pelo interesse do governo, a “embalagem” (a postura pública) denuncia a falta de substância. Ao final, a votação expôs as escolhas: enquanto uns representaram a voz do contribuinte, outros privilegiaram o palanque político. E a população de Campo Bom, atenta e crítica, testemunhou cada movimento, cada voto, cada justificativa, formando sua própria avaliação sobre quem, de fato, a representa.

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