Paraná se Destaca como Líder Isolado em Nova Indicação Geográfica

Paraná se Destaca como Líder Isolado em Nova Indicação Geográfica

(Divulgação/Sebrae-PR)

Ostras de Cabaraquara Conquistam IG e Impulsionam Paraná à Liderança Nacional

O cenário gastronômico e cultural do Paraná celebra uma importante vitória: as ostras do Cabaraquara, cultivadas com paixão e maestria em Guaratuba, no Litoral do estado, foram oficialmente reconhecidas como Indicação Geográfica (IG). Essa chancela, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), não apenas valoriza um produto de excelência, mas também catapultou o Paraná para a liderança nacional em número de IGs, somando agora 22 registros e superando Minas Gerais, que possui 21.

A notícia é um marco significativo, pois a Indicação Geográfica é muito mais do que um selo de qualidade; ela é um atestado de origem e identidade. Concedida a produtos ou serviços que exibem características singulares, intrinsecamente ligadas ao seu território, tradição e métodos de produção ancestrais, a IG representa um elo entre a terra, o saber-fazer e a comunidade. É um reconhecimento do valor histórico e cultural que permeia cada etapa do processo, garantindo que o consumidor tenha acesso a algo autêntico e inimitável.

No caso das preciosas ostras do Cabaraquara, a decisão do INPI ressalta não apenas o sabor levemente adocicado e a textura delicada, que as tornam uma iguaria cobiçada, mas também a singularidade de seu processo de cultivo. A produção artesanal, aliada às condições naturais privilegiadas da Baía de Guaratuba, com suas águas límpidas e salinidade ideal, cria um ambiente perfeito para o desenvolvimento desses moluscos, conferindo-lhes características inconfundíveis.

O Valor Intrínseco das Indicações Geográficas

As Indicações Geográficas desempenham um papel crucial na proteção do patrimônio cultural e econômico de uma região. Ao certificar a origem e a qualidade de um produto, elas combatem a pirataria, garantem a procedência e promovem o desenvolvimento sustentável das comunidades produtoras. Para os consumidores, uma IG é a certeza de estar adquirindo um produto com atributos diferenciados, fruto de um saber-fazer tradicional e de um ambiente geográfico específico.

É uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento regional, pois agrega valor ao produto, aumenta a renda dos produtores, estimula o turismo gastronômico e fortalece a identidade local. Em um mercado globalizado, onde a diferenciação é essencial, a Indicação Geográfica se torna um diferencial competitivo incontestável, elevando a percepção de valor e a demanda por esses produtos únicos.

Apesar do avanço do Paraná, o Brasil ainda tem um caminho a percorrer no reconhecimento de suas IGs. Atualmente, o país conta com menos de 150 registros, um número modesto se comparado aos mais de 3 mil da Europa, onde o sistema de proteção de origem é amplamente consolidado. Essa disparidade aponta para a necessidade de maior investimento, conscientização e apoio aos produtores brasileiros.

“Muitas vezes, os produtos tipicamente brasileiros não são conhecidos nem mesmo pela população local, e isso é uma grande lástima. Por trás de cada indicação geográfica há muita história, pesquisa e um valor agregado incrível que precisa ser mostrado. O tema ainda está engatinhando no Brasil, mas estamos trabalhando firme para reverter esse cenário”, comenta o cozinheiro e especialista em IG’s Rui Morschel, um dos grandes defensores e divulgadores dessa causa no país.

Rui Morschel: O Embaixador das Origens e Seus Projetos Inspiradores

A trajetória de Rui Morschel no universo das Indicações Geográficas é um testemunho do potencial transformador desse reconhecimento. Iniciando seus estudos sobre o tema em 2020, Morschel rapidamente se tornou uma voz ativa na valorização dos produtos regionais. Em 2021, ele lançou a aclamada websérie “Origens do Meu Paraná”, que já soma três temporadas e tem como objetivo principal gerar um impacto direto nas comunidades produtoras.

Os resultados são impressionantes. Segundo Morschel, em alguns casos, produtos que conquistaram visibilidade por meio das IGs viram seu valor de venda aumentar em até 300%. Esse crescimento não se traduz apenas em números; significa mais dignidade para os produtores, manutenção das tradições e reinvestimento nas próprias comunidades, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento local.

Com o sucesso de “Origens do Meu Paraná”, o especialista expandiu sua atuação para o cenário nacional. Recentemente, ele lançou a websérie “Contém BR”, uma produção com dez episódios que convida o público a uma jornada pelo Brasil, apresentando curiosidades e histórias de produtos que também foram reconhecidos com IGs em diversas regiões. Entre os destaques estão o famoso Guaraná de Maués (AM) e a tradicional erva-mate de São Mateus (PR), ambos exemplos de como a Indicação Geográfica pode ressaltar a identidade de um território.

A série “Contém BR” é fruto de uma parceria estratégica com a Associação Brasileira de Indicações Geográficas (ABRIG), e novos episódios são publicados toda quarta-feira nas redes sociais de Morschel, ampliando o alcance e a conscientização sobre a importância desses selos de origem. “Cada nova indicação geográfica é um passo importante na valorização do que o Brasil tem de mais genuíno. Quando olhamos para esses produtos, estamos olhando para pessoas, famílias e territórios que sustentam nossa cultura. Por isso, celebrar as ostras do Cabaraquara é também celebrar o orgulho de ser paranaense”, afirma Morschel, com a paixão de quem acredita profundamente no poder da autenticidade.

O Mosaico de Sabores: As Indicações Geográficas do Paraná

Com a adição das ostras do Cabaraquara, o Paraná consolida sua posição de destaque no cenário nacional, ostentando um impressionante portfólio de 22 Indicações Geográficas. Essa diversidade reflete a riqueza cultural, gastronômica e produtiva do estado, que se estende de norte a sul e de leste a oeste. O leque de produtos certificados é vasto, abrangendo desde iguarias culinárias a bebidas e matérias-primas agrícolas.

Entre as Indicações Geográficas já concedidas ao Paraná, destacam-se:

  • As broas de centeio de Curitiba, um pão de textura única e sabor marcante.
  • A cracóvia de Prudentópolis, embutido defumado de origem eslava.
  • A carne de onça de Curitiba, um patrimônio gastronômico da capital.
  • O café de Mandaguari, reconhecido por suas qualidades aromáticas e de sabor.
  • O urucum de Paranacity, valorizado pela pigmentação intensa.
  • O queijo colonial do Sudoeste do Paraná, com tradição centenária.
  • O mel de Ortigueira, apreciado pela pureza e sabor.
  • Os queijos coloniais de Witmarsum, produzidos por descendentes de menonitas.
  • A cachaça e aguardente de Morretes, bebidas artesanais de alta qualidade.
  • O melado de Capanema, doce tradicional.
  • Os cafés especiais do Norte Pioneiro, com notas sensoriais únicas.
  • O morango do Norte Pioneiro, cultivado em condições ideais.
  • Os vinhos de Bituruna, com tradição na vitivinicultura.
  • A goiaba de Carlópolis, conhecida pela doçura e aroma.
  • O mel do Oeste do Paraná, de flora diversificada.
  • O barreado do Litoral do Paraná, prato típico cozido em panela de barro.
  • A bala de banana de Antonina, doce regional famoso.
  • A erva-mate de São Mateus, base para o chimarrão e tererê.
  • A camomila de Mandirituba, com propriedades terapêuticas.
  • As uvas finas de Marialva, de mesa ou para sucos.
  • A ponkan de Cerro Azul, cítrico de qualidade superior.

Além desses, há também o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil, uma Indicação Geográfica que abrange municípios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, demonstrando a colaboração regional na valorização de produtos específicos.

Novos Reconhecimentos em 2024 e Perspectivas Futuras

O ano de 2024 tem sido particularmente frutífero para o Paraná no que diz respeito às Indicações Geográficas. Além das ostras de Cabaraquara, o estado viu o reconhecimento de outros sete produtos típicos, consolidando ainda mais sua liderança e demonstrando o dinamismo de suas cadeias produtivas. Entre os novos selos concedidos este ano estão a ponkan de Cerro Azul, as broas de centeio de Curitiba, a cracóvia de Prudentópolis, a carne de onça de Curitiba, o café de Mandaguari, o urucum de Paranacity e o queijo colonial do Sudoeste do Paraná.

A busca por novos reconhecimentos não para. Recentemente, foi protocolada no INPI a solicitação para a Indicação Geográfica da acerola produzida no município de Pérola, no Noroeste do estado. O pedido, feito em setembro pela Cooperativa Agrícola dos Fruticultores de Pérola (Frutipérola), reflete o empenho das comunidades locais em valorizar seus produtos.

E as boas notícias podem não parar por aí. “E ainda temos outros oito produtos do Estado em análise no INPI, então devemos ter notícias positivas neste sentido muito em breve”, comemora Rui Morschel, otimista com o futuro. Os produtos que aguardam ansiosamente a análise do instituto incluem o mel de Prudentópolis, caprinos e ovinos da Cantuquiriguaçu, o ginseng de Querência do Norte, as tortas de Carambeí, o pão no bafo de Palmeira, as cervejas artesanais de Guarapuava, o café da serra de Apucarana e o mel de Capanema. Cada um desses produtos representa um pedaço da história e da riqueza do Paraná, com potencial para inspirar mais desenvolvimento e orgulho regional.

Sair da versão mobile