Relatório da Polícia Federal: Sigilo Retirado e Detalhes Revelados
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (18) retirar o sigilo do relatório final da Polícia Federal. Este inquérito investiga um suposto esquema de monitoramento ilegal utilizando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O documento, com mais de 1.200 páginas, indica o indiciamento de 36 indivíduos.
Acusações e Contexto
Conforme a Polícia Federal, a estrutura da Abin teria sido usada entre 2019 e 2021 para monitorar pessoas sem autorização judicial, com motivações políticas e pessoais. Tais operações teriam ocorrido sob a direção de Alexandre Ramagem e com o uso do software israelense First Mile, adquirido durante o governo de Michel Temer.
O relatório inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro como suposto beneficiário das ações. Entretanto, ele não foi indiciado neste inquérito, pois já enfrenta uma acusação relacionada no STF sobre tentativa de subversão da ordem institucional.
Estrutura do Suposto Esquema
O inquérito descreve dois núcleos operacionais: um político e outro de alta gestão. O núcleo político teria a participação de Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, e Priscilla Pereira e Silva, assessora de Ramagem. Ambas estariam envolvidas na troca de informações de interesse da família Bolsonaro.
O núcleo de alta gestão incluiria Ramagem e servidores da Abin. A Polícia Federal afirma que este grupo tinha conhecimento das operações e buscava legalizá-las.
Outras Implicações
O relatório também menciona que a estrutura teria produzido provas em benefício de Renan Bolsonaro e elaborado relatórios relacionados ao senador Flávio Bolsonaro, além de suposta interferência em investigações da Polícia Federal.
Próximos Passos
Com a retirada do sigilo, Moraes ordenou o envio do material à Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem 15 dias para se manifestar. Advogados dos investigados também foram notificados sobre o conteúdo. Alguns documentos envolvendo dados bancários e fiscais permanecerão sob sigilo.
De acordo com o STF, a liberação do conteúdo foi uma resposta a vazamentos seletivos que geraram matérias divergentes na imprensa.
Principais Envolvidos
- Alexandre Ramagem – coordenador operacional;
- Carlos Bolsonaro – idealizador da estrutura;
- Jair Bolsonaro – beneficiário mencionado;
- Servidores da Abin e policiais federais – envolvidos na execução e organização das ações.