Monitoramento em Tempo Real de Poluição através de Aparelho Eletrônico

Monitoramento em Tempo Real de Poluição através de Aparelho Eletrônico

Ao lado do governador Renato Casagrande e do engenheiro Luiz Cláudio Santolin, Gandini acompanhou a apresentação do Ecops, aparelho que vai monitorar o pó preto: mais transparência e fiscalização. Créditos. Gleberson Nascimento e Rafael Moura.

Grande Vitória Inicia Nova Era no Combate ao Pó Preto com Monitoramento Tecnológico

A luta contra a poluição do ar na Região Metropolitana da Grande Vitória atinge um novo patamar de eficiência e transparência. O Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Seama) e do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), selou importantes acordos de cooperação com as gigantes da indústria Vale e ArcelorMittal. Essa parceria estratégica visa a modernização e o aprimoramento do monitoramento da qualidade do ar, prometendo um impacto significativo na saúde e bem-estar dos moradores.

A grande novidade reside na implementação de equipamentos eletrônicos de última geração, capazes de medir, em tempo real e com uma precisão impressionante de até dois segundos, as partículas que compõem o famigerado pó preto – um problema ambiental que há anos aflige e incomoda a população da Grande Vitória. Este avanço tecnológico representa uma guinada decisiva na forma como a poluição atmosférica será controlada e fiscalizada na região.

Combate ao Pó Preto: Uma Resposta Tecnológica e Transparente

O governador Renato Casagrande (PSB) detalhou os benefícios da nova tecnologia, explicando que os aparelhos permitirão um acompanhamento automático e contínuo tanto das partículas em suspensão no ar quanto da poeira que se deposita em superfícies como casas, ruas e veículos. Essa capacidade de mensuração constante e detalhada será incorporada aos processos de licenciamento ambiental das empresas, garantindo não apenas uma fiscalização permanente e mais rigorosa, mas também a geração de dados públicos mais precisos e, sobretudo, transparentes para toda a sociedade capixaba.

Atualmente, o Espírito Santo já opera com 16 pontos de controle da qualidade do ar. Com os novos acordos, está prevista a instalação de mais oito estações eletrônicas de monitoramento até o primeiro trimestre de 2026. Essas novas unidades serão estrategicamente distribuídas pelos municípios de Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha, cobrindo as áreas mais críticas da Região Metropolitana. “Com os oito novos monitores eletrônicos, o Espírito Santo se torna referência nacional em controle ambiental urbano”, celebrou o governador Casagrande, evidenciando o pioneirismo da iniciativa.

Expansão da Rede de Monitoramento e Cronograma de Implantação

O sistema de monitoramento eletrônico, que se somará à rede já existente, terá sua implementação faseada. Quatro das oito novas estações estão programadas para serem instaladas até o final deste ano, em locais de grande relevância e histórico de queixas relacionadas ao pó preto:

  • Ilha do Boi (Vitória): Sua instalação já foi concluída no último dia 17, marcando o início prático dessa nova fase.
  • Ibes (Vila Velha): Uma área densamente populosa, com grande circulação.
  • Jardim Camburi (Vitória): Um dos bairros mais populosos da capital, frequentemente afetado.
  • Vila Capixaba (Cariacica): Localização estratégica para cobrir o fluxo de poluição na região.

As outras quatro estações restantes terão seus equipamentos instalados no primeiro trimestre do próximo ano, expandindo ainda mais a cobertura para outras importantes localidades, conforme detalhado por Mário Louzada, diretor-presidente do Iema:

  • Laranjeiras (Serra): Uma das áreas comerciais e residenciais mais movimentadas da Serra.
  • Cidade Continental (Serra): Um extenso complexo residencial.
  • Carapina (Serra): Ponto de grande importância logística e industrial.
  • Enseada do Suá (Vitória): Região central e com considerável tráfego.

A escolha dessas localidades reflete um estudo técnico aprofundado para garantir que o monitoramento seja eficaz e representativo da qualidade do ar em toda a Grande Vitória, permitindo uma análise abrangente e a identificação precisa das fontes de poluição.

A Revolução da Medição em Tempo Real

Para entender a magnitude dessa mudança, é crucial comparar a nova tecnologia com os métodos de monitoramento tradicional. O engenheiro Luiz Cláudio Santolin, responsável pela EcoSoft – empresa que desenvolveu os inovadores sensores – explicou a principal diferença: o tempo de resposta. Enquanto o sistema anterior de monitoramento manual da poeira sedimentável dependia da exposição de “potes” por 30 dias para posterior análise em laboratório, o novo equipamento, batizado de Ecops, realiza medições automáticas a cada dois segundos.

O método antigo era não apenas moroso, mas também sujeito a uma série de interferências externas, como a queda de folhas, a presença de insetos e até mesmo fezes de pássaros, que podiam comprometer a precisão dos resultados. O Ecops, por sua vez, consolida relatórios de hora em hora, oferecendo um panorama muito mais dinâmico e fidedigno da situação atmosférica.

“Isso permite que o órgão ambiental identifique imediatamente um pico de poluição, veja a direção do vento e aja rápido para cobrar quem precisa ser cobrado”, explicou Santolin. Essa capacidade de resposta imediata é um divisor de águas, pois transforma a fiscalização de um processo reativo e lento em uma ação proativa e eficaz, capaz de mitigar danos e exigir responsabilidades em tempo hábil.

Engajamento Legislativo e a Luta pelo Meio Ambiente

A assinatura dos convênios no Palácio Anchieta contou com a presença de figuras importantes, como o deputado Fabrício Gandini (PSD), presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. Gandini destacou que o avanço é também um reflexo do trabalho contínuo de fiscalização e cobrança exercido pelo colegiado.

“Esse é um resultado concreto de uma luta que travamos há anos dentro da Assembleia. Foi o nosso trabalho técnico e insistente que manteve o tema vivo e pressionou por resultados. Agora teremos dados em tempo real, transparência e mais segurança para quem respira o ar da Grande Vitória”, afirmou Gandini, reforçando a importância da atuação conjunta entre os poderes para alcançar melhorias ambientais significativas para a população.

O Fim dos TCAs e o Início de um Novo Ciclo de Fiscalização

Este anúncio de modernização coincide com o encerramento formal dos Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) que foram firmados em 2018 entre o Estado, os Ministérios Públicos Federal e Estadual, a Vale e a ArcelorMittal. Esses acordos representaram um esforço importante para controlar a poluição industrial e promover a adequação ambiental das empresas.

Um balanço das metas estabelecidas revelou que o Iema cumpriu integralmente as oito metas sob sua responsabilidade, demonstrando o empenho do órgão público. Já as empresas tiveram um cumprimento parcial de suas obrigações: a Vale cumpriu 28 das 48 metas pactuadas, enquanto a ArcelorMittal atingiu 85 das 131 metas estabelecidas. Embora o cumprimento não tenha sido total, é importante notar o progresso alcançado sob a vigência dos TCAs.

Contudo, o encerramento dos TCAs não significa o fim da responsabilidade ou do controle. As metas que permaneceram pendentes não serão esquecidas; ao contrário, serão incorporadas como condicionantes ambientais nas novas licenças operacionais das empresas. Essa medida garante que o controle e o acompanhamento das ações mitigadoras continuem vigentes e obrigatórios, mesmo após a formalização do fim dos acordos anteriores. Isso demonstra uma evolução na política ambiental, onde as condicionantes se tornam uma parte intrínseca e contínua do processo de licenciamento.

Para o deputado Fabrício Gandini, o fechamento dos TCAs representa não um término, mas o começo de uma nova e mais avançada etapa no controle ambiental. “Agora o monitoramento será digital, transparente e imediato. Isso é um ganho enorme para a população e para o meio ambiente capixaba”, concluiu, sublinhando a percepção de que a tecnologia de monitoramento em tempo real oferece uma solução mais robusta e eficiente para os desafios da qualidade do ar.

A transição para o monitoramento eletrônico em tempo real simboliza um compromisso renovado com a saúde pública e a proteção ambiental na Grande Vitória. Com dados mais precisos, fiscalização mais ágil e maior transparência, a expectativa é que a região possa finalmente respirar um ar mais limpo e seguro, consolidando o Espírito Santo como um exemplo de gestão ambiental urbana no cenário nacional.

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