Marcas Afetadas pela Restrição de Venda da Anvisa: Azeite, Sal do Himalaia e Chá

Marcas Afetadas pela Restrição de Venda da Anvisa: Azeite, Sal do Himalaia e Chá

Salário inicial é de R$ 16,4 mil (Foto: Arquivo/ Agência Brasil)

Anvisa Atua: Azeite, Sal e Chá do Milagre Retirados do Mercado por Riscos à Saúde e Irregularidades

Problemas têm relação com origem desconhecida dos produtosMarcelo Camargo/Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demonstrou mais uma vez sua rigorosa atuação em defesa da saúde pública brasileira, anunciando recentemente medidas drásticas contra diversos produtos que representam potenciais riscos aos consumidores. As determinações incluem a apreensão e proibição de comercialização do azeite extra virgem Ouro Negro, a suspensão de lotes do sal do Himalaia moído da marca Kinino, e a total interdição do produto conhecido como “Chá do Milagre” ou “Pó do Milagre”. Estas ações reforçam o papel essencial da agência na fiscalização e garantia da segurança dos alimentos e outros produtos comercializados no país.

A vigilância sanitária é uma área de fundamental importância, pois atua na proteção da saúde da população através do controle de produtos e serviços que, de alguma forma, possam representar riscos. Desde alimentos e medicamentos até cosméticos e saneantes, a Anvisa garante que tudo o que chega ao consumidor esteja em conformidade com as normas e padrões de qualidade e segurança exigidos. As recentes proibições servem como um alerta para a importância de os consumidores estarem sempre atentos à procedência e à conformidade dos produtos que adquirem, além de sublinhar a complexidade e a extensão da fiscalização necessária para manter a saúde pública protegida.

Azeite Extra Virgem Ouro Negro: Mistérios e Riscos na Mesa do Consumidor

Um dos produtos que se tornou alvo da Anvisa foi o azeite extra virgem Ouro Negro. A agência determinou nesta segunda-feira (20) a apreensão imediata, proibindo sua comercialização, distribuição, fabricação, importação, divulgação e, naturalmente, o consumo. A gravidade da medida é um reflexo direto das sérias irregularidades detectadas. O principal problema apontado é a sua origem desconhecida, um fator crítico para qualquer produto alimentício, especialmente um tão valorizado e suscetível a fraudes como o azeite.

A desclassificação do produto pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) adiciona uma camada de preocupação. O MAPA é o órgão responsável pela fiscalização da qualidade e identidade dos produtos de origem vegetal, incluindo os azeites. Quando um produto é desclassificado por este ministério, significa que ele não atende aos padrões mínimos de qualidade, pureza ou autenticidade que lhe são atribuídos, levantando fortes suspeitas sobre sua composição real e segurança.

O rótulo do azeite Ouro Negro indicava que a importação era responsabilidade da Intralogística Distribuidora Concept Ltda. No entanto, uma verificação mais aprofundada revelou que o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) dessa empresa está suspenso na Receita Federal. Um CNPJ suspenso indica que a empresa está inativa ou em situação irregular perante o fisco, o que torna qualquer operação comercial por ela realizada uma atividade de alto risco e, em muitos casos, ilegal. Isso agrava ainda mais a situação do azeite, já que a falta de uma empresa importadora regular e fiscalizável dificulta o rastreamento da cadeia de produção e distribuição, tornando impossível verificar a qualidade e a segurança do produto.

Os Perigos da Origem Desconhecida em Alimentos

A questão da origem desconhecida em produtos alimentícios, como o azeite Ouro Negro, é alarmante. Sem um controle de procedência, os consumidores ficam expostos a diversos riscos:

  • Adulteração: Azeites podem ser misturados com óleos de qualidade inferior, como soja ou girassol, ou até mesmo com substâncias proibidas.
  • Contaminação: A ausência de controle sanitário na produção e envase pode levar à contaminação por agentes microbiológicos ou químicos.
  • Falta de Padrões de Qualidade: Produtos de origem duvidosa não garantem o cumprimento das normas de qualidade e segurança alimentar exigidas pela legislação brasileira.
  • Ingredientes Não Declarados: Rótulos falsos ou enganosos podem omitir ingredientes que podem causar alergias ou intolerâncias em consumidores.

A ação da Anvisa, em conjunto com o MAPA, é crucial para combater a fraude alimentar e proteger a saúde dos cidadãos, garantindo que os produtos nas prateleiras sejam aquilo que prometem ser.

Sal do Himalaia Kinino: Deficiência de Iodo e Saúde Pública

Em uma segunda frente de atuação, a Anvisa também se pronunciou sobre o sal do Himalaia moído 500g, da marca Kinino. A agência determinou a suspensão de 13 lotes do produto, todos com validade até março de 2027. Esta medida decorreu de um recolhimento voluntário por parte da própria fabricante, a H.L. do Brasil Indústria e Comércio, após análises conduzidas pelo renomado Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, apontarem um teor de iodo abaixo do permitido pela legislação.

A iodação do sal é uma das mais bem-sucedidas e importantes medidas de saúde pública implementadas no Brasil e em diversos países. Desde 1953, a legislação brasileira torna obrigatória a adição de iodo ao sal para consumo humano. O objetivo é prevenir os distúrbios por deficiência de iodo (DDI), que incluem uma série de problemas de saúde, como o bócio (aumento da glândula tireoide), hipotireoidismo, e, o mais grave, complicações severas no desenvolvimento fetal e infantil, como o cretinismo, que causa retardo mental e físico irreversíveis. A tireoide, uma glândula crucial para o metabolismo, depende do iodo para produzir seus hormônios. A falta desse micronutriente pode levar a disfunções que afetam praticamente todos os sistemas do corpo.

A Importância da Análise Laboratorial e da Colaboração da Indústria

O fato de a H.L. do Brasil ter realizado um recolhimento voluntário após as análises do Instituto Adolfo Lutz demonstra a importância da colaboração entre a indústria e os órgãos reguladores. O Instituto Adolfo Lutz é uma referência nacional e internacional em análises laboratoriais para a saúde pública, e suas avaliações são fundamentais para garantir a segurança e a qualidade de produtos. A baixa concentração de iodo, mesmo que involuntária por parte do fabricante, pode comprometer os benefícios de saúde esperados pelo consumo do sal iodado.

Consumidores que possuam os lotes suspensos do sal do Himalaia Kinino devem se atentar à recomendação de não consumo e procurar canais de atendimento da fabricante para orientações sobre o recolhimento. É um lembrete de que, mesmo em produtos que parecem inofensivos, a conformidade com as normas é vital para a proteção da saúde da população.

Chá do Milagre (Pó do Milagre ou Pozinho do Milagre): A Falsa Promessa de Cura

Outro item que mereceu a atenção da Anvisa e foi prontamente retirado de circulação é o popularmente conhecido como “Chá do Milagre” (também chamado de “Pó do Milagre” ou “Pozinho do Milagre”). A proibição integral deste produto ocorreu devido a razões ainda mais preocupantes: sua composição e classificação são completamente desconhecidas.

Produtos com composição desconhecida representam um risco imenso à saúde. Sem saber o que está sendo ingerido, o consumidor pode estar exposto a substâncias tóxicas, alergênicos não declarados, contaminantes ou mesmo a ingredientes que interagem negativamente com medicamentos ou condições de saúde preexistentes. A falta de classificação também impede qualquer tipo de controle de qualidade, dose ou indicação de uso.

Publicidade Enganosa e Riscos à Saúde

Além da composição misteriosa, a Anvisa constatou outra grave irregularidade: a intensa divulgação do “Chá do Milagre” nas redes sociais, como Facebook e Instagram. Nesses canais, o produto era veiculado com finalidade medicinal, associando seu uso a uma gama de benefícios terapêuticos impressionantes, mas completamente infundados para um alimento ou chá não registrado como medicamento. As promessas incluíam:

  • Emagrecimento rápido;
  • Tratamento da ansiedade;
  • Combate à insônia;
  • Prevenção de câncer;
  • Estimulante sexual;
  • E muitos outros.

Esta prática é estritamente proibida pela legislação brasileira para alimentos e chás. Somente produtos devidamente registrados como medicamentos, com comprovação científica de sua eficácia e segurança, podem alegar propriedades terapêuticas. A promoção de “curas milagrosas” por meio de produtos sem comprovação científica pode levar os consumidores a abandonar tratamentos médicos convencionais e eficazes, colocando suas vidas em risco. A Anvisa atua rigorosamente para coibir a publicidade enganosa, especialmente aquela que explora a esperança e a vulnerabilidade das pessoas em busca de soluções rápidas para problemas de saúde complexos.

A Vigilância Continua: Protegendo o Consumidor

As recentes ações da Anvisa servem como um lembrete contundente da importância da fiscalização contínua sobre os produtos que chegam às mãos dos consumidores brasileiros. A agência desempenha um papel vital na proteção da saúde pública, combatendo desde a fraude em alimentos básicos até a disseminação de produtos com promessas enganosas e composições desconhecidas.

Para o consumidor, é fundamental estar sempre atento. Ações simples podem ajudar a evitar riscos:

  • Verifique sempre o rótulo dos produtos, procurando informações claras sobre fabricante, origem, ingredientes, data de validade e número de registro na Anvisa (quando aplicável).
  • Desconfie de produtos que prometem “curas milagrosas” ou benefícios de saúde exagerados, especialmente se forem vendidos em canais não oficiais ou sem a devida regulamentação.
  • Em caso de dúvida ou suspeita sobre a irregularidade de um produto, denuncie à Anvisa ou aos órgãos de vigilância sanitária locais.

A saúde e a segurança alimentar são direitos de todos, e a vigilância coletiva, aliada à atuação firme dos órgãos reguladores, é a chave para garantir que as mesas e os lares brasileiros estejam livres de produtos que possam comprometer o bem-estar da população. A Anvisa continua sua missão incansável de salvaguardar a saúde dos brasileiros, garantindo que apenas produtos seguros e eficazes cheguem ao mercado.