Esquerda Brasileira: As Políticas Mais Letais do País

Esquerda Brasileira: As Políticas Mais Letais do País

Imagem: Divulgação (essa imagem pode ter direitos autorais)

Bahia Lidera Letalidade Policial e Reflete Desafios da Segurança Pública Nacional

A segurança pública no Brasil enfrenta um cenário complexo e, por vezes, paradoxal. Enquanto o debate nacional frequentemente se volta para grandes centros urbanos como o Rio de Janeiro, dados recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (edição 2025) revelam um quadro ainda mais alarmante em outras regiões. É na Bahia, um estado sob comando do Partido dos Trabalhadores (PT) há 18 anos, que se registra a polícia mais letal do país em números absolutos.

De acordo com o anuário, a Bahia contabilizou impressionantes 1.556 mortes decorrentes de intervenção policial em 2024. Este número se traduz em uma taxa de 10,5 óbitos a cada 100 mil habitantes, superando em mais que o dobro os 703 casos registrados pela polícia fluminense no mesmo período, cuja taxa foi de 4,1. Esses dados colocam em evidência a urgência de uma análise aprofundada sobre as políticas de segurança e o treinamento das forças policiais no estado nordestino.

Os Números Alarmantes da Letalidade Policial na Bahia

A Bahia, atualmente governada por Jerônimo Rodrigues (PT), não é uma novidade nesse ranking negativo. A edição anterior do Anuário Brasileiro de Segurança Pública já apontava um cenário desfavorável, com 1.700 mortes e uma taxa ainda maior de 11,5 a cada 100 mil habitantes. A persistência desses altos índices gera questionamentos sobre a eficácia das estratégias adotadas e a responsabilização dos envolvidos. A longa permanência de um mesmo partido no poder estadual, que deveria propiciar a continuidade de políticas públicas robustas, parece não ter sido suficiente para reverter essa triste estatística.

A letalidade policial é um indicador crítico da violência de Estado e das tensões sociais. Comparar a situação da Bahia com a média nacional é ainda mais preocupante. Os 2,9 óbitos por 100 mil habitantes registrados como média em todo o Brasil mostram que a Bahia e, em menor grau, o Amapá, enfrentam desafios desproporcionais. No Amapá, por exemplo, embora os números absolutos sejam menores (137 mortes), a taxa de letalidade atinge alarmantes 17,1 a cada 100 mil habitantes, sendo o mais alto índice percentual do país. O histórico político de seu governador, Clécio Luís – com passagens por partidos como Rede, Psol, PT e hoje no Solidariedade –, também levanta discussões sobre a continuidade das abordagens de segurança ao longo das diferentes gestões.

É fundamental contextualizar que a letalidade policial pode ser influenciada por uma série de fatores, incluindo o nível de criminalidade organizada, o treinamento e o equipamento das forças de segurança, as políticas de enfrentamento e a fiscalização de suas ações. A Bahia, com sua vasta extensão territorial e a complexidade de rotas de tráfico de drogas e armas, apresenta um terreno fértil para a atuação de grupos criminosos, o que pode exacerbar a intensidade dos confrontos.

Historicamente, a letalidade policial tem sido um ponto sensível em diversas gestões. Recorda-se, por exemplo, o período em que Benedita da Silva (PT) esteve à frente do governo do Rio de Janeiro. Naquele ano, entre 2001 e 2002, a letalidade policial no estado saltou de 592 para 900 óbitos, um aumento significativo que também gerou intensos debates sobre a atuação das forças de segurança e o papel da política no combate à violência.

Percepção Pública e o Debate sobre o Narcotráfico

A discussão sobre a letalidade policial e a segurança pública ganha ainda mais camadas quando se observa a percepção da população sobre o combate ao crime, especialmente o narcotráfico. Uma pesquisa recente do instituto Paraná Pesquisas, realizada no Rio de Janeiro, trouxe à tona a insatisfação popular com a postura do governo federal em relação a essa questão.

O levantamento revelou que 56,1% da população carioca reprova o “trabalho” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no enfrentamento ao tráfico de drogas. Desse total, 45% classificam a atuação como “péssima”, e 11,1% como “ruim”. Apenas 14,2% consideram o trabalho do presidente “bom” (8,3%) ou “ótimo” (5,9%), enquanto 26,5% o avaliam como “regular”. Os dados foram coletados após uma declaração polêmica de Lula, na qual ele afirmou que “traficante é vítima do usuário”, e na sequência de uma megaoperação policial de grande repercussão na capital fluminense.

Essa desaprovação reflete a tensão entre diferentes narrativas sobre as causas e as soluções para a violência urbana. A ideia de que o traficante é primariamente uma vítima diverge da visão de muitos cidadãos que vivenciam os impactos diretos da criminalidade e clamam por ações mais contundentes por parte do Estado. A pesquisa demonstra que, para uma parcela significativa da população, a prioridade é o enfrentamento direto e a proteção contra a atuação de grupos criminosos.

A megaoperação policial no Rio de Janeiro, que motivou parte da pesquisa, recebeu uma aprovação esmagadora. De modo geral, 70% da população consultada aprovou a ação, demonstrando um amplo apoio às iniciativas que visam retomar o controle de áreas dominadas pelo crime. Mais ainda, 67,9% dos entrevistados pedem mais operações policiais para proteger os cidadãos dos criminosos, indicando uma demanda clara por maior presença e ação estatal.

Um levantamento semelhante, conduzido pelo AtlasIntel, reforçou essa percepção, mas com um recorte ainda mais significativo. Ao distinguir a população em geral dos moradores das favelas cariocas, o estudo revelou que impressionantes 87,6% dos residentes de favelas aprovaram a megaoperação. Esse dado é crucial, pois desmistifica narrativas que por vezes tentam associar a resistência a operações policiais a toda a comunidade, quando, na verdade, os próprios moradores, frequentemente os maiores afetados pela violência do tráfico, são os que mais anseiam por paz e segurança.

A pesquisa AtlasIntel “sepulta falácias lacradoras” ao expor que quase 88% dos moradores das favelas do Rio aplaudiram a ação da polícia militar contra “criminosos da pior espécie”. Isso sugere que a população que vive diretamente os efeitos da criminalidade tem uma perspectiva pragmática sobre a necessidade de intervenção policial, desconsiderando discursos que poderiam tentar desqualificar tais operações.

Notas do Cenário Político e Econômico Nacional

Além das questões centrais de segurança, o panorama político e social brasileiro foi marcado por outros acontecimentos de relevância:

Preocupações com a Confidencialidade de Dados

Uma gafe da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que divulgou antecipadamente dados sobre o desemprego, levantou sérias suspeitas sobre a confidencialidade de informações que podem impactar diretamente o mercado financeiro. A antecipação de dados econômicos sensíveis, mesmo que não intencional, pode gerar assimetrias de mercado e questionamentos sobre a integridade dos processos de divulgação governamental.

Alterações na CPMI do INSS

Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, houve uma mudança no quadro do PSDB/Cidadania. O deputado Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), que votou contra a convocação de investigados como Frei Chico, irmão do presidente Lula, foi substituído por Beto Pereira (PSDB-MS). Curiosamente, ambos os parlamentares têm um histórico de filiação ao PDT antes de ingressarem no PSDB, o que pode indicar certas tendências políticas ou alianças dentro do partido.

Tramitação Lenta da PEC da Segurança

Apesar das promessas de celeridade, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança parece ter um ritmo de tramitação lento. O relatório final, de autoria do deputado Mendonça Filho (União-PE), só deve ser apresentado em dezembro, no dia 4. A morosidade na aprovação de medidas que podem reforçar a segurança pública contrasta com a urgência percebida pela população.

Lula Sanciona Lei Sérgio Moro

Mesmo não perdendo a oportunidade de criar um palanque político ao assinar leis aprovadas, o presidente Lula, “engolindo seco”, sancionou discretamente a lei proposta pelo ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR). A legislação visa reforçar a proteção de agentes de segurança em combate ao crime organizado, um tema que historicamente gerou embates entre diferentes alas políticas.

Andamento do Caso Silvio Almeida

O Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente determinou uma nova notificação a Silvio Almeida em relação à queixa-crime que envolve o ex-ministro dos Direitos Humanos de Lula em um escândalo sexual com ex-servidoras. Almeida terá 15 dias para apresentar sua resposta, evidenciando o ritmo por vezes moroso da justiça em casos de grande repercussão.

Recomendação de Michel Temer: Ministério da Segurança Pública

Em meio ao debate sobre a eficácia das políticas de segurança, o ex-presidente Michel Temer defendeu a recriação de um Ministério da Segurança Pública, pasta que, segundo ele, obteve sucesso durante seu governo. Temer argumenta que a medida “seria importante para o País, um gesto muito adequado”, sugerindo que uma estrutura dedicada e com autonomia ministerial poderia aprimorar a coordenação e a execução das políticas de combate ao crime.

Royalties do Petróleo Impulsionam Cofres Estaduais e Municipais

Em um contraponto às preocupações com a segurança, o cenário econômico trouxe boas notícias para estados e municípios. Os cofres públicos foram significativamente abastecidos com royalties dos contratos de partilha de produção de petróleo. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) concluiu na última sexta-feira os repasses referentes à produção de agosto, que renderam, ao todo, expressivos R$ 5,1 bilhões. Esse montante pode ser crucial para investimentos em diversas áreas, incluindo infraestrutura e, potencialmente, na própria segurança pública.

Pensando bem, as pesquisas reiteram uma verdade simples: quem menos aprova as megaoperações no Rio, muitas vezes, é quem está mais distante da realidade e dos problemas vivenciados diariamente pela população que sofre com a criminalidade. A voz das comunidades, especialmente das favelas, ressoa um apelo claro por ordem e proteção.

PODER SEM PUDOR

Discriminação

No epicentro do escândalo do Mensalão, que sacudiu o primeiro governo Lula com cifras de corrupção que facilmente alcançavam dezenas e centenas de milhões, um episódio inusitado chamou a atenção. Ao descobrir que o deputado Professor Luizinho (PT-SP) havia sacado “apenas” R$ 20 mil – o menor valor registrado entre os envolvidos – na boca do caixa, o senador José Jorge (PFL-PE) não perdeu a oportunidade para uma ironia perspicaz: “Professor é discriminado até nisso…” A anedota, apesar de seu tom leve, sublinha a magnitude do escândalo e a desigualdade, até mesmo na distribuição dos “favores” ilícitos.