Criminoso Procurado em Cachoeiro, ES, é o Segundo Morto em Megaoperação no RJ

Criminoso Procurado em Cachoeiro, ES, é o Segundo Morto em Megaoperação no RJ

Imagem: Divulgação (essa imagem pode ter direitos autorais)

Operação no Rio de Janeiro: Mortes de Criminosos Capixabas Ativam Plano de Contingência no ES

O cenário de combate ao crime organizado no Brasil ganhou novos capítulos de intensidade com a recente megaoperação policial deflagrada nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A ação, de grande envergadura e com desdobramentos significativos, trouxe à tona a complexa teia de conexões criminais que transcendem as fronteiras estaduais. Uma das evidências mais claras dessa interligação foi a confirmação, pelo governo do Espírito Santo, da morte de um segundo criminoso capixaba durante os confrontos intensos da operação.

Na quinta-feira, 30 de junho, a notícia que reverberou nos círculos de segurança pública capixaba foi a morte de Fabian Alves Martins, de apenas 22 anos. Ele era uma figura conhecida pelas autoridades do Espírito Santo, sendo ativamente procurado pela polícia na cidade de Cachoeiro de Itapemirim. A confirmação de sua participação e morte na operação carioca acendeu um alerta, reforçando a percepção de que as organizações criminosas operam com uma logística que desafia as divisões geográficas.

A Megaoperação no Rio de Janeiro: Contexto e Impacto

As operações policiais nos complexos de favelas do Rio de Janeiro são, frequentemente, momentos de alta tensão e grande mobilização de recursos. Locais como o Complexo da Penha e o Complexo do Alemão são conhecidos por serem redutos de grandes facções criminosas, que ali estabelecem suas bases operacionais, pontos de venda de drogas, e até mesmo estruturas de “governança” paralelas, exercendo controle sobre a vida de milhares de moradores.

O objetivo dessas megaoperações é desmantelar essas estruturas, enfraquecer o poderio financeiro e bélico das facções, prender lideranças e recuperar o controle territorial para o Estado. Elas envolvem um grande número de policiais militares e civis, muitas vezes com apoio de veículos blindados e aeronaves. O confronto é quase inevitável, dado o armamento pesado e a resistência que os criminosos costumam oferecer. É nesse contexto de alta periculosidade que criminosos de diferentes origens, buscando refúgio ou oportunidades, acabam se inserindo.

Os Criminosos Capixabas Envolvidos

A presença de indivíduos procurados em um estado atuando em grandes operações em outro não é incomum, mas a confirmação de duas mortes de capixabas em uma única operação no Rio destaca uma conexão que exige atenção redobrada das autoridades de segurança.

Fabian Alves Martins: O Segundo Caso Confirmado

Fabian Alves Martins, de 22 anos, era um alvo prioritário da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cachoeiro de Itapemirim. Sua morte no Rio de Janeiro sugere que ele não apenas estava em fuga, mas possivelmente integrado a alguma rede criminosa local ou em trânsito pela capital fluminense. A DHPP é a unidade especializada em investigar crimes contra a vida, o que indica a gravidade das acusações que pesavam sobre Fabian no Espírito Santo.

Ainda que os detalhes específicos de sua atuação e ligação com o crime organizado capixaba não tenham sido amplamente divulgados, o fato de ser procurado por homicídio e acabar morto em uma operação de grande porte no Rio de Janeiro aponta para um histórico de violência e para a busca por refúgio em ambientes mais hostis, onde a identidade e o passado podem ser mais facilmente obscurecidos.

Alisson Lemos Rocha “Russo”: A Primeira Confirmação

Dias antes da notícia sobre Fabian, na terça-feira (28), a segurança capixaba já havia recebido a informação da morte de Alisson Lemos Rocha, conhecido pelo vulgo de “Russo”, de 27 anos. Assim como Fabian, Russo era um indivíduo com um histórico criminal preocupante no Espírito Santo. Ele era investigado por crimes de homicídio e tinha ligação direta com o tráfico de drogas, especialmente na região da Serra, um dos municípios mais populosos do estado.

A morte de “Russo” no Rio de Janeiro já havia sido um indicativo da movimentação de criminosos entre os estados, mas a posterior confirmação da morte de Fabian Martins solidifica a percepção de uma rota de fuga e de intercâmbio criminoso. A presença desses indivíduos em operações de combate ao tráfico em favelas cariocas sugere que, ou eles buscavam proteção e anonimato no Rio, ou estavam ativamente envolvidos nas cadeias de suprimento e distribuição de drogas que ligam os dois estados.

O Plano de Contingência do Espírito Santo: Segurança Reforçada nas Fronteiras

Diante da crescente tensão e da possibilidade de uma “fuga em massa” de criminosos do Rio de Janeiro para estados vizinhos, o governo do Espírito Santo agiu rapidamente. A ativação de um plano de contingência é uma medida estratégica fundamental para blindar o território capixaba e evitar que a crise de segurança do estado vizinho transborde para suas cidades.

Objetivos do Plano: Prevenir a Fuga e a Desestabilização

O principal objetivo do plano de contingência é prevenir a entrada e o estabelecimento de criminosos em fuga. A presença de indivíduos de alta periculosidade, desalojados de seus territórios de origem, poderia desestabilizar a segurança local, aumentar índices de criminalidade e fortalecer facções já existentes ou criar novas. Os criminosos poderiam buscar refúgio em regiões de fronteira, tentar se reagrupar ou até mesmo intensificar o tráfico de drogas e outras atividades ilícitas para recompor suas perdas.

Ações de Reforço Policial

O reforço do policiamento nas divisas, conforme anunciado, envolve uma série de ações coordenadas:

  • Aumento do Efetivo: Mais policiais militares e civis são deslocados para as regiões de fronteira, especialmente nas rodovias e estradas vicinais que conectam o Espírito Santo ao Rio de Janeiro.
  • Bloqueios e Blitz: Pontos estratégicos nas estradas são monitorados com bloqueios policiais e blitz constantes, visando identificar e interceptar veículos suspeitos e pessoas com mandados de prisão em aberto.
  • Patrulhamento Ostensivo: O patrulhamento é intensificado em áreas rurais e urbanas próximas à divisa, que podem servir como rotas de fuga alternativas ou esconderijos.
  • Uso de Inteligência: A troca de informações entre as polícias do ES e RJ, além de agências de inteligência federal, é crucial para identificar prováveis rotas, alvos e métodos de fuga dos criminosos.
  • Tecnologia: Pode envolver o uso de câmeras de monitoramento, drones e sistemas de reconhecimento de placas para otimizar a fiscalização.

A colaboração entre a Polícia Militar e a Polícia Civil do Espírito Santo é essencial, com cada força atuando em suas respectivas esferas – a PM na ostensividade e prevenção, e a PC na investigação e inteligência. A interface com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e até mesmo com a Polícia Federal (PF) é igualmente importante, dada a natureza interestadual do crime organizado.

A Complexa Relação entre o Crime Organizado no ES e RJ

A conexão entre o crime organizado no Espírito Santo e no Rio de Janeiro não é uma novidade. Historicamente, os dois estados compartilham rotas de tráfico de drogas e armas, além de um intercâmbio de membros de facções. A proximidade geográfica é um fator determinante para essa articulação, facilitando o transporte de ilícitos e a movimentação de criminosos entre as capitais e cidades fronteiriças.

Facções cariocas, muitas vezes, estendem seus tentáculos para o Espírito Santo, buscando expandir seus mercados consumidores de drogas, estabelecer novas bases ou recrutar novos membros. Da mesma forma, criminosos capixabas podem buscar no Rio a proteção de grandes facções ou a oportunidade de se envolver em esquemas maiores de tráfico e outras atividades ilícitas. Essa dinâmica cria um desafio constante para as forças de segurança de ambos os estados.

O Desafio Contínuo da Segurança Pública Interestadual

As mortes de Fabian Alves Martins e Alisson Lemos Rocha na megaoperação no Rio de Janeiro e a subsequente ativação do plano de contingência no Espírito Santo são um lembrete contundente de que o combate ao crime organizado exige uma abordagem integrada e cooperativa. O crime não respeita fronteiras administrativas, e a resposta do Estado também não pode se limitar a elas.

A necessidade de cooperação entre as polícias e os governos estaduais é mais evidente do que nunca. O compartilhamento de inteligência, a coordenação de operações e a padronização de protocolos são cruciais para desarticular redes criminosas que atuam em múltiplos estados. Operações como a que resultou na morte dos criminosos capixabas, embora dolorosas e complexas, são parte de um esforço contínuo para restaurar a segurança e proteger a população. O sucesso reside na capacidade de agir de forma proativa e articulada, garantindo que a resposta do Estado seja sempre mais forte e mais eficiente do que a capacidade de articulação do crime.