Acidente de Ônibus em Pernambuco: Detalhes sobre Vítimas em Viagem para Compras

Tragédia na BR-423: Acidente com Ônibus de Compristas Deixa 16 Mortos em Pernambuco

Uma tragédia abalou o Agreste de Pernambuco na noite da última sexta-feira (17), quando um ônibus fretado, que transportava passageiros em uma viagem de compras, tombou na BR-423, no município de Saloá. O grave acidente resultou na morte de 16 pessoas e deixou diversos feridos, mergulhando comunidades em luto e levantando questões sobre a segurança nas estradas e as condições desses tipos de viagens.

As vítimas eram passageiros que se deslocavam para realizar compras no renomado polo têxtil de Santa Cruz do Capibaribe, um dos maiores centros de confecções do país. A viagem, que tinha como destino final o município de Brumado, localizado no sudoeste da Bahia, foi interrompida de forma brutal, transformando um trajeto de expectativa em um cenário de dor e consternação.

Detalhes da Viagem e do Sinistro

De acordo com informações fornecidas por Luciano Holanda, chefe de Policiamento da Polícia Rodoviária Federal de Pernambuco (PRF-PE), em entrevista concedida na manhã do sábado (18), o ônibus havia saído de Santa Cruz do Capibaribe e estava a caminho de Brumado quando o acidente ocorreu. A viagem de retorno, após o dia de compras, durou aproximadamente duas horas antes do fatídico tombamento.

É importante destacar que o veículo em questão não pertencia a uma linha comercial regular. Tratava-se de um ônibus fretado, comumente utilizado para esse tipo de excursão de compras, que leva comerciantes e revendedores de diversas partes do Nordeste para os polos de confecções em Pernambuco. Essas viagens são uma parte vital da economia local e regional, permitindo que pequenos empreendedores e autônomos se abasteçam de mercadorias para revenda em suas cidades de origem. A modalidade, apesar de popular, muitas vezes opera com margens de segurança que precisam ser constantemente fiscalizadas.

Helinho Aragão, prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, expressou profundo pesar pela perda das vidas, confirmando que os passageiros haviam visitado a famosa feira de vestuário conhecida como Moda Center. “Nos solidarizamos com as famílias, com os amigos, com cada pessoa que amanheceu em luto. Por respeito à história, à luta e à dignidade de cada uma dessas vítimas, foi decretado Luto Oficial de 3 dias no município”, declarou o prefeito, refletindo a comoção que o incidente gerou não apenas nas cidades das vítimas, mas também no polo que as atraiu.

O Acidente e o Atendimento às Vítimas

O tombamento do ônibus foi de extrema gravidade, resultando na morte de 16 pessoas e deixando um rastro de feridos. Segundo informações preliminares da PRF, a lista de passageiros no veículo contava com mais de 30 nomes, indicando que a capacidade do ônibus estava sendo utilizada para a viagem.

O Hospital Regional Dom Moura (HRDM), em Garanhuns, que fica próximo ao local do acidente, rapidamente se mobilizou para receber as vítimas. A unidade de saúde informou ter recebido 17 pacientes feridos no desastre. Dentre os atendidos, dois se encontravam em estado grave, necessitando de cuidados intensivos e monitoramento constante por parte da equipe médica. Os demais pacientes permaneceram em observação, recebendo todo o suporte e atenção necessários para sua recuperação. A rápida resposta das equipes de saúde foi crucial para minimizar o impacto da tragédia.

A dinâmica do acidente, conforme a Polícia Rodoviária Federal, indica que o motorista do coletivo perdeu o controle da direção, invadindo a contramão da rodovia. Em seguida, o veículo atingiu rochas à margem da pista, o que pode ter causado danos significativos e desestabilizado ainda mais o ônibus. Após o impacto inicial, o coletivo retornou ao sentido original da pista, mas colidiu violentamente contra um barranco de areia, resultando em seu tombamento. A sequência de eventos sugere uma perda total de controle que culminou na devastadora capotagem.

O termo de fretamento do veículo confirmava a rota: saída de Brumado, na Bahia, com destino a Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco, e o subsequente retorno, no qual ocorreu o sinistro. Viagens longas, muitas vezes realizadas durante a noite para aproveitar o tempo de compras durante o dia, podem apresentar desafios adicionais, como fadiga do condutor e condições de visibilidade reduzidas.

O condutor do ônibus, apesar da gravidade do acidente, sofreu apenas ferimentos leves. Ele foi submetido ao teste do bafômetro, que apresentou resultado normal, descartando a influência de álcool. Após receber os primeiros atendimentos em uma unidade de saúde, o motorista foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Garanhuns (PE) para prestar depoimento e auxiliar nas investigações sobre as causas do ocorrido.

Equipes de diversas instituições atuaram de forma integrada no local do acidente para o resgate das vítimas e a organização da cena. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar (PM), o Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto Médico Legal (IML) foram mobilizados. A coordenação entre essas equipes foi essencial para atender aos feridos, remover as vítimas fatais e iniciar os procedimentos periciais que ajudarão a esclarecer a dinâmica completa da tragédia.

Análise da Dinâmica e Próximos Passos na Investigação

A dinâmica preliminar do acidente, conforme levantamentos iniciais, confirma a sequência de eventos: a invasão da contramão, o impacto com rochas à margem da rodovia, o retorno à pista, a colisão contra o barranco de areia e, finalmente, o tombamento do veículo. A violência desses impactos foi tão grande que muitos passageiros foram arremessados para fora do ônibus.

Essa constatação levou a Polícia Rodoviária Federal de Pernambuco a levantar a hipótese de que parte das vítimas poderia estar sem o cinto de segurança no momento do acidente. O uso do cinto é fundamental para a segurança em qualquer tipo de transporte, e a sua ausência em um cenário de tombamento pode ter agravado a condição das vítimas.

A BR-423, palco da tragédia, permaneceu totalmente interditada por um longo período para o trabalho das equipes de resgate e perícia. O bloqueio teve início às 19h45 de sexta-feira e só foi liberado para o tráfego de veículos às 4h da madrugada deste sábado (18), após a conclusão dos trabalhos mais urgentes e a remoção do ônibus e dos escombros.

A responsabilidade pela investigação e pela elucidação das circunstâncias exatas do acidente foi assumida pela Polícia Civil. Os investigadores agora deverão analisar uma série de fatores, incluindo:

  • O estado de conservação do veículo;
  • A manutenção e condições dos pneus e freios;
  • O registro do motorista e sua experiência na rota;
  • Os horários de descanso do condutor, conforme a legislação de trânsito;
  • As condições da pista e da sinalização no trecho do acidente;
  • Testemunhos de sobreviventes e de outras pessoas que possam ter presenciado o ocorrido.

A coleta de provas no local, como marcas de frenagem, danos ao veículo e à estrutura da rodovia, será crucial para determinar as causas e quaisquer responsabilidades. Este trágico evento serve como um doloroso lembrete da importância da segurança nas estradas e da fiscalização rigorosa dos veículos e das condições de trabalho dos motoristas, especialmente em viagens de longa distância com grande número de passageiros. A expectativa é que a investigação traga respostas e, se necessário, medidas que possam prevenir futuras fatalidades.