Academia Marataizense de Letras Celebra 16 Anos de Cultura e Inclusão
A Academia Marataizense de Letras (AML) atingiu um marco significativo em sua trajetória: as bodas de safira, celebrando 16 anos de uma fundação dedicada incansavelmente à valorização da arte, da cultura e da rica literatura capixaba. A data oficial do aniversário, 16 de outubro, foi um momento de reflexão sobre uma jornada de dedicação e pioneirismo.
A celebração formal e festiva deste importante aniversário ocorreu no dia 23 de outubro, em um evento memorável sediado no acolhedor Espaço Cultural da Padaria Nil Regi. A escolha do local e a realização do encontro festivo foram possíveis graças ao apoio fundamental do empresário e grande mecenas cultural Breno Viana (Breno Nil Regi), um parceiro inestimável da instituição desde seus primórdios. Essa parceria duradoura é um testemunho da profunda conexão da AML com a comunidade e com aqueles que acreditam no poder transformador da cultura.
A solenidade, que transcorreu sob a competente presidência em exercício do Dr. Sérgio Dário Machado, teve um duplo propósito: não apenas celebrar as bodas de safira da venerável Arcádia, mas também cumprir um rito crucial – a oficialização dos novos acadêmicos. Esses novos membros foram eleitos para ocuparem as diversas modalidades de Cadeiras existentes na instituição, abrangendo desde as Cadeiras Efetivas, que representam a linha de frente da atuação acadêmica, até as Cadeiras Honorárias, Correspondentes, Beneméritas e Eméritas, que reconhecem contribuições especiais e honram o legado de membros de longa data.
Renovação e Legado: A Dinâmica Institucional da AML
Um dos pontos altos do encontro foi a atualização do quadro institucional, um movimento estratégico da diretoria para assegurar a vitalidade e a relevância contínua da Academia. Essa atualização incluiu a realização de ajustes nas cadeiras de membros que, por questões de idade avançada ou por desafios de saúde, já não conseguem participar ativamente das atividades cotidianas da instituição. Respeitosamente, esses membros ilustres passaram a ocupar as cadeiras eméritas, um reconhecimento justo por suas contribuições passadas. Essa transição permite que as cadeiras efetivas sejam liberadas e preenchidas por novos talentos e vozes, garantindo a constante renovação e o dinamismo da Academia, ao mesmo tempo em que honra seus pilares fundadores.
Pioneirismo Capixaba: Os Diferenciais da AML
Fundada em 2009, a Academia Marataizense de Letras não é apenas uma instituição literária; ela se destaca como uma verdadeira pioneira no Estado do Espírito Santo por múltiplos motivos que a colocam na vanguarda do movimento cultural e social. Seu legado é construído sobre bases inovadoras e progressistas:
- A Primeira Academia Jovem do ES: A AML foi a primeira instituição literária capixaba a conceber e implementar uma Academia Jovem, um espaço vital para o desenvolvimento de acadêmicos mirins. Essa iniciativa visionária visa nutrir o talento literário desde a infância, incentivando a leitura, a escrita e o pensamento crítico entre as novas gerações, garantindo um futuro próspero para a literatura regional.
- Inclusão e Diversidade no Regimento Interno: Outro feito notável é ter sido a primeira a incorporar, em seu próprio regimento interno, os princípios fundamentais da inclusão social, da diversidade e da representatividade. Essa medida não é apenas uma declaração de intenções, mas um compromisso formal que guia todas as ações e decisões da Academia, garantindo que suas portas estejam abertas para todos.
Um Santuário de Talentos Diversos
Desde sua concepção, a Arcádia de Marataízes tem se empenhado em ser um porto seguro para escritores, artistas e intelectuais das mais variadas origens étnicas, culturais e, notavelmente, condições atípicas. Essa postura a consagra como um farol de democracia cultural e acessibilidade literária no Espírito Santo. Seus membros são um espelho dessa riqueza de diversidade:
- Leonardo Aguiar: Um brilhante escritor e artista plástico que, com síndrome de Down, desafia preconceitos e enriquece o universo cultural com sua sensibilidade e talento únicos. Sua presença na AML é um poderoso lembrete do potencial ilimitado de cada indivíduo.
- Ana Luiza Rodrigues Fernandes de Farias: Uma jovem autora autista, já reconhecida por suas obras encantadoras como “O Sapo Esganado” e “A Menina que Virou Sereia”. Ana Luiza personifica a criatividade sem barreiras e a capacidade da literatura de expressar mundos internos ricos e complexos.
- Henrique dos Santos Haubick: Recentemente eleito, Henrique é um artista jovem e atípico, cujo talento nato ressoa com a ancestralidade de sua bisavó, Mestra Astrogilda Ribeiro dos Santos (in memoriam). Negra quilombola e líder do congo no norte do Estado, Mestra Astrogilda deixou um legado cultural imenso, e Henrique, através de sua arte, dá continuidade a essa poderosa herança, fortalecendo a representatividade e a memória afro-brasileira.
A Academia orgulha-se profundamente de ser um espaço onde autores negros, indígenas, quilombolas e artistas populares encontram voz e reconhecimento, reafirmando seu compromisso inabalável com o pluralismo cultural e a construção de uma literatura que verdadeiramente espelhe a riqueza e a diversidade da sociedade brasileira.
Promovendo a Cultura Popular Capixaba
Para além de suas atividades literárias intrínsecas, a AML atua com intensidade na promoção e difusão da cultura popular capixaba. Suas ações são variadas e profundamente enraizadas na comunidade:
- Feiras Literárias: Eventos que transformam praças e espaços públicos em vibrantes centros de troca de ideias, aproximando autores e leitores e incentivando o acesso ao livro.
- Rodas de Conversa e Palestras: Fóruns dinâmicos para o debate de temas relevantes, a troca de experiências e o aprofundamento do conhecimento sobre a cultura e a história local.
- Oficinas e Encontros Culturais: Oportunidades para o desenvolvimento de habilidades artísticas e literárias, frequentemente enriquecidas pela presença e sabedoria de mestres e mestras das comunidades tradicionais e quilombolas, que compartilham seus saberes e práticas ancestrais.
Um dos projetos mais emblemáticos da Academia é o apadrinhamento do coletivo “Jongo de Memória – Maria Preta e Zé Porto”. Este coletivo é reconhecido por seu trabalho essencial de resgate e preservação do patrimônio imaterial afro-capixaba, mantendo viva a tradição do jongo, uma manifestação cultural de profunda importância histórica e social.
A Biblioteca Comunitária Raul Sampaio Cocco: Um Acervo Inestimável
Na própria sede da Academia, encontra-se um tesouro cultural: a Biblioteca Comunitária Raul Sampaio Cocco. Devidamente regularizada pela Biblioteca Estadual, este espaço vital abriga um impressionante acervo de mais de 10 mil títulos. Entre suas prateleiras, é possível encontrar desde clássicos atemporais da literatura brasileira e universal até um conjunto precioso de obras raras de autores capixabas. A biblioteca serve como um centro de pesquisa, leitura e aprendizado, acessível a toda a comunidade e fundamental para a disseminação do conhecimento e da paixão pelos livros.
Momentos de Encanto e Planejamento para o Futuro
Durante a reunião comemorativa dos 16 anos, os presentes foram agraciados com uma apresentação especial do talentoso mágico Robson Syer, que, com seus números de ilusionismo e seu humor contagiante, proporcionou momentos de leveza e encantamento. O evento foi prestigiado por um seleto grupo de acadêmicos, artistas locais e convidados especiais, culminando em uma noite verdadeiramente marcante, permeada por emoção, celebração da memória e um profundo sentimento de pertencimento cultural.
Olhando para o futuro, a AML já projeta mais um grande evento. Para dezembro de 2025, está programada uma sessão solene de posse e entrega de honrarias, que dará continuidade às celebrações deste importante aniversário. A cerimônia será um palco para lançamentos de livros inéditos, exposições de telas de artistas locais e diversas apresentações artísticas, consolidando ainda mais a Academia Marataizense de Letras como um dos mais importantes polos de produção e difusão cultural não apenas de Marataízes, mas de todo o Espírito Santo. A AML segue firme em sua missão de enriquecer o cenário cultural capixaba, promovendo a arte e a literatura com um olhar sempre voltado para a inclusão e o futuro.
