62 Acidentes e Nove Mortes por Choques Elétricos Registrados no Paraná em 2021

62 Acidentes e Nove Mortes por Choques Elétricos Registrados no Paraná em 2021

(Franklin de Freitas)

Prevenção de Acidentes Elétricos: Mortes e Riscos no Paraná e Como se Proteger

Os acidentes envolvendo energia elétrica representam uma ameaça silenciosa, mas extremamente perigosa, resultando em fatalidades e ferimentos graves em todo o Brasil. No Paraná, os números são alarmantes, com o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) registrando 62 atendimentos e nove mortes decorrentes de choques elétricos e suas consequências diretas. Esses dados, que refletem apenas os casos que demandam intervenção dos bombeiros, acendem um alerta urgente para a necessidade de conscientização e medidas preventivas rigorosas.

A maior parte das vítimas são profissionais que atuam na manutenção de redes elétricas e de telecomunicações. Em ambientes externos, ao tocar em fios energizados, esses trabalhadores são submetidos a descargas elétricas de alto impacto que não apenas causam queimaduras severas, mas também os projetam de alturas consideráveis, resultando em traumas adicionais por quedas.

Profissionais em Risco: O Desafio da Segurança no Trabalho

A capitã Luisiana Cavalca, do CBMPR, destaca que os choques elétricos ocorrem frequentemente durante a execução de trabalhos de manutenção. Isso inclui tanto a rede de distribuição de energia quanto as redes de telefonia e internet, que compartilham a infraestrutura dos postes. A proximidade e a complexidade dessas instalações aumentam exponencialmente o risco para os profissionais envolvidos.

“Os choques geram grande impacto e lançam os corpos, provocando as quedas”, explica a capitã. Essa dinâmica é particularmente perigosa, pois as lesões não se limitam à eletrocussão. As quedas de alturas significativas podem levar a fraturas múltiplas, traumatismos cranioencefálicos, lesões na coluna e outras injúrias internas que frequentemente agravam o quadro da vítima, podendo ser fatais. O perfil das vítimas, em sua maioria, são homens com idade entre 20 e 30 anos, uma faixa etária predominante entre os funcionários de empresas do setor elétrico e de telecomunicações, evidenciando a vulnerabilidade desses trabalhadores jovens.

Para esses profissionais, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados é não apenas uma exigência legal, mas uma barreira crucial entre a vida e a morte. Luvas isolantes, capacetes, cintos de segurança com talabartes e vestimentas antichamas são fundamentais. Além disso, a capacitação contínua, o respeito aos procedimentos de segurança e a desenergização da rede antes de qualquer intervenção são pilares para minimizar os riscos. Empresas e trabalhadores precisam priorizar a segurança acima de tudo, investindo em treinamentos regulares e fiscalização rigorosa das normas.

Perigos Inesperados: Acidentes com Fios Caídos e Crianças

A energia elétrica não oferece riscos apenas em contextos de trabalho. Acidentes automobilísticos, por exemplo, podem ter consequências elétricas graves. Uma colisão pode derrubar postes, romper cabos e energizar uma área ao redor que, à primeira vista, pode não parecer perigosa. Nesses cenários, a ação imediata do Corpo de Bombeiros é crucial para a segurança de todos.

Acidentes Automobilísticos e Redes Elétricas

Diante de uma situação com fios caídos na via pública ou em áreas residenciais, o procedimento do CBMPR é claro e rigoroso. “Imediatamente isolamos o local e acionamos a companhia de energia para que ela faça o desligamento daquela região”, detalha a capitã Luisiana Cavalca. O isolamento garante que pedestres, curiosos ou mesmo outras equipes de socorro não se aproximem da área energizada, prevenindo novos choques. A população é fundamental nesse processo: ao avistar fios elétricos rompidos ou caídos, nunca se aproxime, não toque e mantenha distância. O primeiro passo é ligar para o 193 e alertar as autoridades.

Crianças e o Ambiente Doméstico: Atenção Constante

Embora as ocorrências mais graves e fatais raramente envolvam crianças, a capitã Luisiana ressalta que acidentes domésticos com os pequenos ainda podem acontecer. As mudanças na arquitetura dos dispositivos elétricos e eletrônicos, bem como a modernização e padronização das tomadas de eletricidade, com seus orifícios mais estreitos e mecanismos de segurança internos, dificultaram o acesso direto das crianças às descargas de energia. No entanto, o perigo persiste.

“Já tivemos casos de crianças que colocaram fios de celulares na boca e que levaram choques graves”, alerta a capitã. Isso demonstra que mesmo equipamentos de baixa voltagem ou carregadores podem ser perigosos se danificados ou utilizados de maneira inadequada. A recomendação fundamental para os pais e responsáveis é a vigilância constante e a educação sobre os perigos da eletricidade. Utilizar protetores de tomadas, manter cabos e carregadores fora do alcance das crianças e ensinar desde cedo os riscos de introduzir qualquer objeto nas tomadas são medidas preventivas essenciais.

Ameaças Ocultas: Descuidos Comuns e Manutenção Inadequada

A rotina e a falta de informação podem levar a descuidos que se tornam fatais. Muitos acidentes elétricos em ambientes residenciais e comerciais ocorrem por negligência em procedimentos básicos de segurança.

O Risco dos Carregadores e Aparelhos Desligados

Uma recomendação simples, mas frequentemente ignorada, diz respeito aos carregadores de celular: se não estiver usando, retire-o da tomada. Além de economizar energia, essa prática evita que cabos fiquem expostos e danifiquem, prevenindo choques acidentais, especialmente por crianças ou animais de estimação. Essa regra se estende a qualquer aparelho elétrico que não esteja em uso. No entanto, o conselho mais crucial para adultos que realizam qualquer tipo de manutenção é ainda mais fundamental: “O mesmo vale para os adultos, sempre desligue a chave elétrica relacionada ao equipamento que se faz a manutenção para evitar choques”, afirma a capitã.

Um exemplo clássico e recorrente de acidente por essa desatenção é a troca de resistência de chuveiros. Muitas pessoas tentam fazer esse reparo simples sem desligar a energia elétrica geral da casa ou o disjuntor específico do chuveiro, expondo-se a riscos gravíssimos de eletrocussão em um ambiente molhado, que é altamente condutor.

Redes Elétricas Residenciais: A Importância da Manutenção Preventiva

A segurança elétrica de uma residência depende diretamente da qualidade e manutenção de sua rede. O CBMPR enfatiza a necessidade da manutenção correta da fiação, com a mensuração adequada da voltagem e amperagem dos aparelhos e da instalação. A sobrecarga é um inimigo silencioso e perigoso.

O uso inadequado de benjamins (T’s) e réguas de energia (extensões com múltiplas tomadas) é uma das principais causas de sobrecarga. Conectar vários aparelhos de alto consumo em um único ponto pode exceder a capacidade da fiação, levando ao superaquecimento, derretimento de cabos, curtos-circuitos, e em casos extremos, explosões e incêndios. “Próximo a fontes combustíveis, curtos-circuitos podem iniciar incêndios até mesmo de grandes proporções”, alerta a capitã Luisiana. É crucial evitar a sobrecarga de tomadas e investir em instalações elétricas profissionais, com disjuntores e sistemas de aterramento que garantam a proteção dos moradores e do patrimônio. Sinais como disjuntores que desarmam constantemente, cheiro de queimado ou luzes piscando são alertas de que a instalação elétrica precisa de atenção especializada.

Segurança no Canteiro de Obras: Um Alerta Constante

O setor da construção civil também é palco frequente de acidentes elétricos, muitas vezes por falta de observância dos procedimentos de segurança. Profissionais como pintores e pedreiros estão particularmente vulneráveis.

Os alongadores dos pincéis, utilizados para alcançar pontos altos, podem funcionar como condutores elétricos se entrarem em contato com fios energizados, inclusive em áreas de difícil visualização. Da mesma forma, andaimes, por serem estruturas metálicas de grande porte, representam um risco enorme. Se um andaime encostar em fios de alta tensão, ele pode eletrocutar uma equipe inteira de trabalhadores. A conscientização, a distância de segurança das redes elétricas e o uso ininterrupto dos EPIs são condições não negociáveis para a segurança nesses locais de trabalho. É essencial que as empresas e os trabalhadores do setor da construção civil invistam em treinamentos específicos sobre riscos elétricos e planejamento da segurança.

O Papel Essencial do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR)

Em todas as situações de emergência envolvendo eletricidade, a atuação do Corpo de Bombeiros é decisiva. Sua equipe é treinada para lidar com os perigos da energia elétrica, tanto na prevenção quanto na resposta a acidentes.

Primeiros Socorros e Isolamento em Cenários de Emergência

Ao chegar a incêndios em edificações, um dos primeiros e mais importantes procedimentos do CBMPR é desligar a chave geral de energia do prédio. “Este procedimento é básico para garantir a segurança da equipe de emergência e de terceiros. Então isolamos a área e desligamos qualquer fonte de eletricidade para só então iniciar o atendimento”, explica a capitã Luisiana. Essa medida preventiva é vital, pois a energia elétrica pode não apenas ser a causa primária do incêndio, mas também um fator que complica o combate e expõe os socorristas a riscos adicionais.

A expertise dos bombeiros em coordenar com as companhias de energia elétrica para o desligamento seguro das redes em situações de emergência é um diferencial que salva vidas e minimiza danos.

Quando Chamar o 193: Sua Ação Faz a Diferença

Diante de qualquer situação de risco envolvendo eletricidade, a recomendação final da capitã Luisiana Cavalca é clara e enfática: “Os bombeiros devem ser acionados imediatamente”. Não tente resolver o problema por conta própria. Sua segurança e a segurança de outras pessoas dependem de uma ação rápida e profissional.

Lembre-se de que o telefone para acionar o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná é o 193. Seja em casos de fios caídos na rua, acidentes de trabalho com energia, incêndios de origem elétrica ou qualquer outra situação de perigo elétrico, a ligação para o 193 é o primeiro e mais importante passo para uma resposta eficiente e segura. A prevenção, a conscientização e a ação rápida diante do perigo são as ferramentas mais eficazes para evitar que mais vidas sejam perdidas para o perigo invisível da eletricidade.