Reino Unido: Premier Keir Starmer sugere “prontidão militar” frente à ameaça russa

Primeiro-Ministro Britânico Alerta para Ameaça Russa e Reforça Preparação Militar

Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, destacou nesta segunda-feira (2) a necessidade do país em avançar rumo a uma “preparação para a guerra”, em resposta ao que ele qualificou como uma “ameaça real e imediata” da Rússia. Em um discurso em Glasgow, Starmer, líder do Partido Trabalhista, afirmou que as ações do Kremlin representam “o desafio mais grave para a segurança europeia desde o final da Guerra Fria”. Ele convoca “cada parte da sociedade” a assumir sua responsabilidade na defesa nacional.

“A agressão russa está crescendo, e suas ações imprudentes já estão elevando o custo de vida em nosso país”, declarou Starmer durante a apresentação da Revisão Estratégica de Defesa, um relatório encomendado por seu governo a um painel de especialistas. “Espero que não cheguemos a desdobrar tropas britânicas em solo europeu, mas para nos assegurarmos de que não seja assim, devemos nos preparar. O Reino Unido não pode ignorar a ameaça que representa a Rússia”.

Um Novo Cenário Internacional

Starmer enfatizou que o Reino Unido enfrenta um novo cenário internacional, “mais instável e inseguro que em muitos anos”, e que é necessário revisar a estrutura, capacidades e prioridades das Forças Armadas. “Estamos entrando em uma nova era em matéria de defesa e segurança”, afirmou. “A preparação para a guerra deve se tornar o objetivo central de nossas forças armadas”.

Investimento em Defesa e Novas Capacidades

A Revisão Estratégica de Defesa estabelece as diretrizes para uma profunda transformação da política militar britânica. O documento propõe um aumento progressivo do gasto em defesa, que passará dos atuais 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,5% em 2027, com a meta de alcançar 3% antes do fim da próxima legislatura em 2034. Segundo o governo, esse reforço busca assegurar que o Reino Unido esteja em condições de responder a ameaças convencionais, nucleares e cibernéticas.

Entre as principais medidas anunciadas nesta segunda-feira, destacam-se a construção de até 12 submarinos de ataque de propulsão nuclear, juntamente com um investimento de 15 bilhões de libras (17,7 bilhões de euros) no programa nacional de ogivas nucleares. Essas iniciativas se inserem no acordo de segurança trilateral AUKUS, assinado com Estados Unidos e Austrália, e visam a reforçar a dissuasão estratégica britânica em um contexto de crescente competição global.

O ministro da Defesa, John Healey, explicou que os novos submarinos permitirão manter patrulhas permanentes em águas internacionais e garantir a segurança do país e de seus aliados. “Sabemos que as ameaças estão aumentando e devemos agir com decisão para fazer frente à agressão russa”, afirmou.

De acordo com o governo, o investimento nuclear deve gerar cerca de 30 mil empregos diretos altamente qualificados no Reino Unido até o início da próxima década. Starmer enfatizou que a estratégia de defesa não visa apenas a reforçar a segurança, mas também a impulsionar setores-chave da economia britânica. “Esta revisão garantirá que nossas Forças Armadas tenham o equipamento necessário para nos manter seguros, ao mesmo tempo em que gerará maiores oportunidades para engenheiros, construtores navais e técnicos”, declarou.

Expansão Industrial e Segurança

A esses anúncios somam-se decisões divulgadas no último sábado: a construção de pelo menos seis fábricas de munições e componentes explosivos em território britânico, com um investimento de 1,5 bilhão de libras (cerca de 1,76 bilhão de euros), e a aquisição de até 7 mil armas de longo alcance de fabricação nacional. Essas medidas buscam assegurar uma produção sustentada e aumentar as reservas estratégicas de munição, necessidades evidenciadas pelo conflito na Ucrânia.

Com essa iniciativa, o gasto acumulado do Reino Unido em munições durante a atual legislatura alcançará 6 bilhões de libras. O Ministério da Defesa estima que serão criados mais de 1.800 empregos, entre diretos e indiretos, vinculados a esse esforço industrial.

“O Exército só tem a fortaleza da indústria que o respalda”, afirmou Healey. A ministra da Economia, Rachel Reeves, também sublinhou o vínculo entre segurança e crescimento econômico: “Uma economia forte precisa de uma defesa nacional sólida”.

A Revisão Estratégica de Defesa será submetida a debate no Parlamento nos próximos dias. De Downing Street, a insistência é para que o país aja com decisão diante de uma realidade internacional que, segundo Starmer, “já não é hipotética nem distante”. “A Rússia não leva a paz a sério”, disse. “E o Reino Unido deve estar pronto.”

(Com informações da EFE)

Fonte: https://gazetabrasil.com.br/mundo/2025/06/02/reino-unido-primeiro-ministro-keir-starmer-defende-preparacao-para-a-guerra-diante-de-ameaca-russa/