Debate Acalorado entre Ministro da Previdência e Senador sobre Fraudes no INSS
Em uma sessão tensa da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) protagonizaram um intenso debate. A discussão girou em torno das responsabilidades no escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS).
Denúncias Ignoradas e Acusações
A polêmica começou quando o ministro Queiroz mencionou uma reportagem do Jornal Nacional da TV Globo. A matéria revelou que um servidor já havia denunciado irregularidades à Polícia Federal (PF) em 2020, mas o caso teria sido negligenciado. Wolney questionou Moro, que era ministro da Justiça na ocasião, sobre o conhecimento do caso:
“Ontem, por exemplo, eu estava assistindo o JN, e teve uma denúncia em 2020, um servidor em 2020 denunciou a PF que havia descontos indevidos, que havia fraudes, essas denuncias foram feitas em 2020, senador, parece que vossa excelência era ministro da Justiça nessa época. Vossa excelência fez alguma coisa para coibir essas fraudes?”
Moro negou ter conhecimento das denúncias e contra-atacou, acusando Wolney de tentar incriminá-lo:
“Não, não chegou ao meu conhecimento, mas ao de vossa excelência chegou […]. Vossa excelência quis me acusar de algo impróprio. Porque você excelência estava no ministério quando teve a fraude, secretário-executivo, não fez nada, não fez nada, e quer me acusar.”
Responsabilidades e Investigações
O ministro da Previdência rebateu, afirmando que Moro, como ministro da Justiça, “tinha mais obrigação” de estar ciente dos fatos. Ele destacou que foi o governo Lula quem “chamou a polícia” para investigar o caso.
“Eu não queria ficar nesse bate boca, mas vossa excelência como ministro da Justiça tinha muita obrigação de saber do que eu […]. Foi nosso governo que chamou a polícia”, argumentou Wolney.
Após cerca de uma hora de debate, Moro solicitou a palavra e informou que havia tomado conhecimento da reportagem do Jornal Nacional. O senador esclareceu que a denúncia teria sido feita em setembro de 2020, e ele havia deixado o Ministério da Justiça em abril daquele ano.
Investigações em Andamento
As denúncias resultaram na abertura de um inquérito pela Polícia Federal para investigar cobranças realizadas por entidades registradas em nome de laranjas. Wolney, que é do PDT e foi secretário-executivo da Previdência sob a gestão de Carlos Lupi, agora comanda a pasta por indicação do presidente Lula (PT).
A presença do ministro na comissão foi motivada por requerimentos de senadores que apontam para possíveis irregularidades e omissões. Um dos requerimentos menciona uma reunião de Wolney, quando era secretário-executivo, com membros da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma das entidades investigadas. Além disso, os parlamentares alegam que Wolney e Carlos Lupi foram alertados pela conselheira Tonia Galleti, do Conselho Nacional do INSS, sobre os descontos associativos irregulares, conforme ata de reunião de junho de 2023.